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Caracas admite excesso na operação militar que resultou na morte de mineiros

Hugo Chávez afirma que "não esconderá abuso algum" praticado por militares

Por Agencia Estado
Atualização:

As autoridades venezuelanas consideram que houve "excesso no uso da força" na operação militar contra a mineração ilegal no sul do país que causou a morte de seis mineiros, entre eles dois cidadãos supostamente brasileiros, segundo os dados oficiais. A operação ocorreu na sexta-feira numa área de floresta próxima ao Brasil, cerca de 780 quilômetros ao sul de Caracas. As primeiras versões oficiais mencionavam quatro mineiros mortos. O ministro do Interior e Justiça, Jesse Chacón, afirmou que "houve uso excessivo da força" por parte de um pelotão do Exército, durante uma operação contra a mineração ilegal de ouro e diamantes nas bacias dos rios Caroní e Orinoco. Em entrevista coletiva, Chacón acrescentou que, apuradas as responsabilidades, serão aplicadas as punições correspondentes. O governo, disse, "não está disposto a aceitar nem a mineração ilegal, nem o desrespeito aos direitos humanos". O presidente Hugo Chávez já havia reconhecido a jornalistas que "houve um uso excessivo das armas por parte de um grupo de militares que já está à disposição da Promotoria", e que seu governo "não esconde nem esconderá abuso algum". O único sobrevivente do ataque, identificado pelo ministro como Manuel Felipe Fernández Lizardi, disse à imprensa local que os soldados desceram de um helicóptero, mandaram que ele e seus companheiros se atirassem ao chão e em seguida, sem dizer mais nada, atiraram. Chacón relatou que quatro corpos foram encontrados perto dos equipamentos para mineração e apresentavam quatro tiros cada um, alguns nas costas, e com uma inclinação de 45 graus. Na mesma região foram encontrados dois corpos de indígenas e também supostos mineiros ilegais, um com três tiros e outro com um. As autoridades presumem que entre os mortos estão dois brasileiros, identificados como Francisco da Silva e Nivaldo Sánchez, naturalizado venezuelano, disse Chacón. O Itamaraty disse que deseja "informação detalhada" sobre o incidente. O Ministério Público e a polícia científica estão investigando o caso. O Ministério da Defesa pôs à disposição dos promotores 13 funcionários que participaram da operação, segundo o ministro do Interior. O Ministério da Defesa ordenou aos oficiais supostamente envolvidos que "não saiam de seu comando até que (tudo) se esclareça". Chacón acusou a imprensa e setores da oposição de "deformar a realidade dos fatos" ao dizer que haveria mais de 20 mortos e que o governo tenta ocultar a verdade. "Lamentamos o fato, sentimos muito, mas com violência não vamos solucionar nada. Precisamos que todos mantenham a calma e vejam que o Estado está atuando" para resolver o caso, acrescentou. Jacqueline Faria, titular do escritório do Meio Ambiente, disse que é "irreversível" a decisão do governo de não permitir a mineração na bacia do rio Caroní.

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