ASSUNÇÃO - Em depoimento à Promotoria do Paraguai, três generais do país afirmaram nesta quarta-feira, 11, que durante o encontro do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, com os comandantes militares paraguaios no dia 22, quando Fernando Lugo foi destituído da presidência, o representante de Caracas fez uma "advertência sobre as sanções internacionais" que o governo de Assunção poderia sofrer em razão do impedimento do presidente.
Veja também: Suspensão do Paraguai mostra que não há espaço para falta de democracia TV ESTADÃO: Patriota defende isolamento do Paraguai após impeachment Curta nossa página no Facebook
Registrada pelas câmeras de segurança do palácio do governo federal, a reunião levantou suspeitas sobre uma possível ingerência do governo de Hugo Chávez - supostamente interessado em manter Lugo no cargo, apesar da determinação do Parlamento - nos assuntos internos do Paraguai, o que violaria o direito de autodeterminação paraguaio.
Os generais Miguel Christ, da Força Aérea, Adalberto Garcete, do Exército, e Juan Carlos Benítez, da Marinha, afirmaram ao Ministério Público que Maduro chegou ao gabinete militar acompanhado do embaixador venezuelano José Javier Arrúe de Pablo e secretários privados de Lugo.
"Os três generais me disseram que Maduro não lhes passou um sermão - e sabemos o que significa um sermão no campo militar -, mas fez uma advertência sobre as sanções internacionais que o Paraguai receberia pela destituição de Lugo", afirmou a promotora Stella Mary Cano, que investiga o caso.
O encontro de Maduro com os comandantes militares fez com que o Paraguai retirasse seu embaixador de Caracas. A relação diplomática entre os países estava prejudicada desde a deposição de Lugo. Pouco após o impedimento, a Venezuela retirou seu embaixador de Assunção e anunciou a suspensão do envio de petróleo ao Paraguai. Segundo a Petropar, porém, a estatal petroleira paraguaia, a Venezuela continua a fornecer o insumo, apesar das ameaça.