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Caracas amplia arsenal de olho nas fronteiras

Compra de veículos e armas coincide com tensão regional

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O governo da Rússia descongelou os contratos de fornecimento de equipamentos militares para a Venezuela e, sexta-feira, o presidente Chávez anunciou o resultado: ao menos dez unidades do sistema de defesa aérea S-300, municiados com 300 mísseis 48N, capazes de atingir alvos a 27 mil metros de altitude a distâncias de 300 quilômetros.Não é só. Chávez encomendou 100 tanques pesados, provavelmente modelos T-90, o mais moderno do arsenal russo, e dezenas de blindados do tipo BMP-3, anfíbio de 18 toneladas com canhão rápido de 30mm. O grupo técnico encarregado das negociações está discutindo a expansão do pacote de forma a abranger outro tipo de couraçado sobre rodas, para transporte de tropas.O valor dessa transação é mantido em sigilo. Cada tanque T-90 é cotado entre US$ 5 milhões, configuração básica, e US$ 7 milhões, no arranjo mais avançado, com maior carga eletrônica. Tomando o valor como referência, só os carros de assalto - mais componentes, peças, documentação técnica e treinamento -, somariam cerca de US$ 850 milhões.O Ministério da Defesa venezuelano é um bom cliente. Já gastou perto de US$ 5 bilhões em compras importantes na Rússia, a começar por 24 caças Sukhoi-30, uma frota que nunca esteve disponível para emprego em exercícios na proporção de 80% (19 aviões).A situação é diferente no caso dos aproximadamente 50 helicópteros de ataque e combate, intensamente utilizados na linha das fronteiras com a Colômbia e o Equador.A fábrica de onde vão sair 65 mil, dos 100 mil fuzis Kalashnikov comprados em 2007, está na fase final de construção, sob assessoria de engenheiros enviados da Rússia. As instalações permitem produzir armas leves de vários tipos.O sistema antiaéreo S-300, é o mesmo fornecido ao Irã e adotado pelas forças russas. O diferencial é a alta mobilidade, por meio de carretas 8x8 e a velocidade de utilização. O radar pode rastrear 100 alvos ao mesmo tempo e engajar 12 deles simultaneamente fixando uma escala de fogo de acordo com o grau de ameaça (veja o gráfico).Os tanques T-90 estão na linha de montagem desde 1995. A arma principal é o canhão longo de 125 mm, preparado para receber munição supersônica e de energia cinética. Pesam 46,5 toneladas . Segundo disse Chávez há três dias, serão levados "para as fronteiras sensíveis". Se a referência é à Colômbia, há problemas à vista: um carro de combate de quase 50 mil quilos não é o equipamento mais adequado para o úmido terreno da selva tropical da região.

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