24 de junho de 2015 | 19h58
CARACAS - Autoridades venezuelanas libertaram ontem dois estudantes antichavistas presos no ano passado após os protestos contra o presidente Nicolás Maduro. A decisão foi anunciada um dia depois do fim da greve de fome do opositor Leopoldo López e dois após a marcação da data das eleições parlamentares. Tanto a libertação dos presos como a definição do dia da votação eram reivindicações da Mesa da Unidade Democrática (MUD).
Os estudantes soltos foram identificados como Gerardo Resplandor e Douglas Morillo. Considerados presos políticos pela oposição, eles foram detidos em abril e maio do ano passado durante a onda de protestos contra o governo que deixou mais de 40 mortos no país.
Ao anunciar, por meio de uma carta, o fim de sua greve de fome na terça-feira, López pediu que o governo honre o compromisso feito junto à oposição de libertar outros presos detidos cujo estado de saúde é delicado. Embora esse não seja o caso de Resplandor e Morillo, a decisão dá mais um sinal de distensão do chavismo, que, em março, com a prisão do prefeito metropolitano de Caracas , Antonio Ledezma, tornou-se mais hostil à oposição.
“Libertaram o jovem Douglas Morillo. Esperamos que o pedido de Leopoldo López se converta em mais presos políticos colocados em liberdade”, disse Johan Merchan, porta-voz do Voluntad Popular, o partido de López.
Os estudantes comemoraram a libertação, após mais de um ano na prisão. “Amanhecer respirando e vivendo em Caracas outra vez não tem preço. A Liberdade é o maior bem que se pode ter. Não podemos perdê-la”, disse Morillo.
“Protestamos não para morrer, mas para que todos os venezuelanos possam viver com dignidade”, afirmou López na véspera. Segundo a oposição venezuelana, ao menos 75 pessoas seguem presas em razão dos protestos do ano passado no país.
Ainda ontem, a MUD anunciou as chapas que disputarão as eleições parlamentares de 6 de dezembro. Entre os principais nomes que disputarão as 165 cadeiras de deputados na Assembleia Nacional pela coalizão opositora estão Maria Corina Machado - que teve o atual mandato cassado pelo chavismo -, Julio Borges, líder do partido do opositor Henrique Capriles, o Primero Justicia, e o ex-chavista Ismael Garcia. “Temos as alianças perfeitas. Só haverá um candidato da oposição por distrito”, disse o secretário executivo da MUD, Jesus “Chúo” Torrealba.
Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal, preso nos protestos do ano passado, disputará uma vaga na Assembleia Nacional. / AP e EFE
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