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Caracas prende e acusa outro opositor

Ex-candidato à presidência Alejandro Peña Esclusa é acusado de vínculos com suposto terrorista salvadorenho preso na Venezuela

Por Efe e Ap
Atualização:

CARACASAgentes do serviço de inteligência venezuelano detiveram na noite de segunda-feira o opositor Alejandro Peña Esclusa em seu apartamento em Caracas. Ex-candidato presidencial e diretor das ONGs UnoAmérica e Fuerza Solidária, Peña é acusado de laços com o salvadorenho Francisco Chávez Abarca, preso no aeroporto de Caracas há duas semanas e deportado para Cuba, onde é procurado por "atos terroristas". De acordo com o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), Peña teria sido mencionado em um depoimento do próprio Chávez Abarca, no qual ele teria confessado que viajou para a Venezuela para promover "atos violentos" durante as eleições legislativas de setembro. David Colmenares, diretor de contrainteligência da polícia venezuelana, disse que, na busca, teriam sido encontrados diversos explosivos e detonadores no apartamento de Peña. Em um relato publicado no site da Fuerza Solidária, porém, a mulher do opositor, Indira de Peña, afirmou que os explosivos foram "plantados" no local pelos agentes de inteligência - um deles teria sido encontrado na gaveta da escrivaninha de sua filha de 8 anos. Além disso, o advogado de Peña, Alfredo Romero, denuncia que os agentes venezuelanos não permitiram que ele entrasse no apartamento no momento da busca, feita por ordem de um tribunal. A prisão de Peña dá impulso às críticas da oposição venezuelana, que acusa o governo do presidente Hugo Chávez de perseguir seus críticos. Nos últimos anos, vários opositores foram presos, partiram para o exílio em países como o Peru e os EUA ou estão sendo processados (o Judiciário do país é alinhado com Chávez). Peña já foi preso temporariamente em setembro de 2002, acusado de relação com um grupo de militares que participou da tentativa frustrada de golpe contra Chávez. Ele é acusado pelo governo de uma série de crimes. O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, por exemplo, disse no ano passado que Chávez teve de cancelar sua visita a El Salvador para a posse do presidente Mauricio Funes porque a inteligência de seu país teria descoberto um plano para matá-lo orquestrado por Peña e pelo cubano Luis Posada Carriles - acusado de terrorismo. Mensagem. Antes de ser preso, Peña deixou em seu site uma mensagem na qual nega essas acusações e alerta para o risco de o governo levá-lo para a cadeia. "Estão querendo criar uma matriz de opinião contra mim para que um dia possam me incriminar", afirma.No vídeo, Peña afirma que "não acredita na violência", mas é a favor de um "movimento de opinião intenso" para "derrotar Chávez" por vias pacíficas. "É preciso conseguir uma mudança de governo por vias pacíficas, democráticas ou constitucionais, mediante o que pode ser a renúncia ou destituição de Chávez, porque ele não está apto para governar e viola a Constituição todos os dias", defende. Segundo Colmenares, Chávez Abarca mencionou outros nomes em seu depoimento e, por isso, é possível que a inteligência venezuelana realize mais buscas. Para lembrarO salvadorenho Francisco Chávez Abarca foi preso no aeroporto de Caracas no início do mês, vindo da Guatemala. Havia um pedido de prisão feito por Cuba à Interpol. Na ilha, ele é acusado de atentados em hotéis e contra um escritório de turismo cubano no México, em 1997. Segundo autoridades venezuelanas Chávez Abarca tem laços com Luis Posada Carriles - acusado pelo atentado que derubou um avião da Cubana de Aviación, em 1976.

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