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Caracas quer controlar toda informação, diz jornalista

Para o diretor do jornal ?Tal Cual?, governo não deseja que sua ineficiência e desmandos sejam divulgados

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Por Redação
Atualização:

A atual ofensiva do governo de Hugo Chávez contra os meios de comunicação é mais um passo na direção de propiciar ao Estado venezuelano o controle total da informação no país, diz o diretor e proprietário do jornal de Caracas Tal Cual e um dos jornalistas venezuelanos mais respeitados e conhecidos no exterior, Teodoro Petkoff. "Ao governo não interessa que se denuncie sua ineficiência, sua truculência, seus desmandos e atropelos", diz Petkoff ao Estado. Na terça-feira, a Assembleia Nacional dominada por deputados chavistas recuou - alegando falhas na tramitação - da tentativa de aprovar um projeto de lei que previa penas de prisão de até 4 anos para jornalistas, donos de veículos de comunicação, acadêmicos, usuários da internet e cidadãos comuns que divulguem notícias entendidas pelo governo como "incompletas, inexatas, conspiratórias, destinadas a causar alvoroço, convulsão ou agitação social". O projeto foi considerado uma tentativa de amordaçar a imprensa e o recuo não significa que a ideia não possa renascer em breve. "Fica clara a intenção de se promover a autocensura nos meios de comunicação", diz Petkoff. As reformas constitucionais permitiram ao presidente Chávez lançar mãos de instrumentos que lhe permitiram controlar todos os poderes do Estado e intervir de forma doutrinária nos setores de educação, organização social e comunicação. "O caso venezuelano é um exemplo claro de como a construção de um arcabouço jurídico por meio de uma reforma constitucional pode se tornar uma armadilha para a democracia formal", declarou, de Tegucigalpa, o editorialista do jornal hondurenho El Heraldo, Graco Pérez. O diário defende a ação do Exército que depôs Manuel Zelaya, aliado de Chávez, argumentando que ela impediu uma reforma constitucional considerada ilegal pela Justiça do país, que abriria o caminho para a "venezuelização" de Honduras. IMPÉRIO Depois de se negar a renovar a concessão da RCTV, em 2007, o governo venezuelano intensificou a criação de um império de comunicação que inclui a TV estatal Venezolana de Televisión, Televisión Educativa y Social (TVes, na frequência da RCTV) e Telesul, além de dezenas de emissoras de TV regionais e comunitárias. E após fechar, no dia 31, 34 emissoras de rádio sob a alegação de irregularidades administrativas (há mais 200 arriscadas de perder a concessão), investe nas estações comunitárias, que já somam quase 300 em toda a Venezuela. "É óbvio que, para o governo, não interessam os meios que fazem jornalismo crítico, quando tem toda uma rede de comunicação que se destina unicamente a elogiá-lo e disseminar sua doutrina", diz Petkoff. "A cada semana, o governo de Chávez tem reduzido sua tolerância ao dissenso."

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