PUBLICIDADE

Cardeal vai a Bagdá buscar "limites da esperança"

Por Agencia Estado
Atualização:

O enviado especial do papa João Paulo II, a caminho do Iraque nesta segunda-feira, declarou que o pontífice decidiu explorar "os últimos limites da esperança". O cardeal Roger Etchegaray, diplomata que se ocupa das missões do Vaticano em momentos e locais de tensão, voou para Paris para fazer uma conexão para Amã, na Jordânia, onde iniciará a última etapa de sua viagem para Bagdá. O Vaticano anunciou no domingo que o cardeal dará ênfase à exortação papal em favor da paz e tentará incentivar as autoridades iraquianas a cooperarem com as Nações Unidas, que pedem que o Iraque se desfaça de suas armas de destruição em massa. Os EUA ameaçam atacar o Iraque caso o regime de Saddam Hussein não cumpra inteira e rapidamente a resolução da ONU. "O papa não está resignado" com a guerra, disse Etchegaray à imprensa antes de deixar Roma. "Ele decidiu chegar até os últimos limites da esperança, e eu sou seu mensageiro". O Vaticano não deu detalhes sobre quando o cardeal chegará a Bagdá, nem sobre o início de suas conversações ali. Etchegaray viaja com monsenhor Franco Coppola, outro diplomata da Santa Sé. Durante anos, o cardeal francês dirigiu o Conselho Pontifício para a Justiça e a Paz. O papa programou receber o vice-primeiro-ministro iraquiano, Tarek Aziz, na próxima sexta-feira no Vaticano. E frades franciscanos anunciaram que o vice-premier se unirá a eles na cidade montanhosa de Assis, na região italiana da Umbria, para rezar pela paz. Aziz, um cristão do rito caldeu, viajará a Assis para a jornada matinal de orações convocada pelos monges na Basílica de São Francisco, o santo medieval que é considerado o patrono da paz. O papa e vários de seus assessores de alto nível denunciaram, em repetidas ocasiões, o risco de qualquer guerra para resolver a crise iraquiana, e insistem em que não existe justificativa para uma guerra preventiva, além de expressarem seus temores de que tal conflito possa acender os rancores dos muçulmanos contra os cristãos. Alguns observadores se perguntam até que ponto a diplomacia do Vaticano pode ser persuasiva. Um comentarista de assuntos políticos e ex-diplomata, Sergio Romano, disse à rádio estatal italiana estimar que a Santa Sé tem exercido pouca influência desde que se declarou contra a guerra. Os detalhes da visita não foram divulgados, mas se espera que haja reuniões entre o cardeal e funcionários iraquianos, incluindo um possível encontro com o presidente Saddam Hussein. Em 1991, João Paulo II se opôs veementemente à Guerra do Golfo Pérsico, e vem denunciando as sanções impostas pela ONU ao povo iraquiano após a invasão do Kuwait em 1990.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.