Carisma e manipulação da mídia marcam década chavista

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Por Renata Miranda
Atualização:

A dominação política de Hugo Chávez na Venezuela não se limita apenas a seu gabinete. Além de controlar o Legislativo e o Judiciário, o presidente também domina o noticiário - oficial e privado. A qualquer hora é possível ver Chávez na TV, seja em pronunciamentos oficiais, que nunca têm fim, ou em seu programa semanal Alô, Presidente. "É atormentador, ele dispara toda semana uma verborragia sem sentido", afirmou o cientista político Manuel Isidro Molina, da Universidade Simón Bolívar. No dia 20, Chávez ainda aumentou a sua presença na imprensa ao anunciar que passaria a publicar uma coluna de opinião três vezes por semana em vários jornais do país. "Essa é uma forma que me ocorreu para contribuir com a batalha de ideias", disse o presidente. Ultimamente, ele também tem estimulado a criação de meios de comunicação alternativos para escutar "a voz dos que não têm voz". De acordo com o analista Oscar Reyes, da Universidade Católica Andrés Bello, o presidente consegue atrair multidões com seu carisma. "Chávez utiliza os meios de comunicação para fazer política de uma maneira muito eficiente", disse Reyes. "Ele sabe se comunicar emocionalmente de forma direta com os setores menos privilegiados." Para Reyes, o chavismo sem o presidente não será o mesmo. "Acredito que o movimento não desapareceria por completo, mas com certeza ele se dividiria em grupos menores, alguns radicais, outros moderados", afirmou o especialista.

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