'Carlos, o Chacal' pede que Chirac testemunhe em Corte

De volta aos tribunais, célebre terrorista da Guerra Fria diz que tentou matar ex-presidente da França em atentado

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PARIS - Figura legendária do terrorismo de extrema esquerda dos anos 70 e 80, o venezuelano Illich Ramírez Sánchez - mais conhecido pelo nome de guerra "Carlos, o Chacal" - voltou ontem a um tribunal da França, onde está preso desde 1994. A Corte julgará sua participação em quatro atentados entre 1982 e 1983, que mataram 11 e feriram centenas. Hoje com 62 anos, o venezuelano entrou na Corte de jaqueta azul e barba grisalha. Logo no início da sessão, identificou-se como "um revolucionário profissional" e manteve o tom combativo diante dos magistrados.Chacal exigiu a presença no tribunal do ex-presidente francês Jacques Chirac e da mulher dele, Bernardette. Ele justificou a convocação dizendo que o político era o verdadeiro alvo de um atentado contra um trem que ia de Paris a Toulouse, em 1982. Chacal afirma que Chirac, na época prefeito da capital francesa, tomava o trem frequentemente e sempre ocupava o mesmo assento, mas não naquele fatídico 29 de março. Seu testemunho provaria que a ação armada tinha cunho político.A bomba que o terrorista supostamente colocou embaixo da poltrona em que Chirac costumava viajar deixou cinco mortos. Sánchez teria ainda tentado assassinar Bernardette.O presidente do tribunal de Paris, Olivier Leurent, afirmou que Chirac rejeitou o pedido dos advogados do terrorista sob a justificativa de que seu depoimento não acrescentaria muitas informações ao caso.Chacal ergueu o punho diante da tribuna, em desafio às autoridades. Quando teve direito à palavra, atacou duramente Israel. "Ele está com uma atitude combativa como sempre", disse sua advogada e mulher, Isabelle Coutant-Peyre. Segundo ela, não há motivos para julgá-lo 30 anos após os crimes e a França tomou essa atitude "por motivos de propaganda e não de justiça".Francis Szpiner, advogado de várias famílias de vítimas do Chacal, defendeu a volta do terrorista ao banco dos réus. Para ele, é preciso "acabar com a cultura de impunidade" de pessoas que cometeram crimes em nome de causas políticas.Sánchez está sendo julgado ao lado de três outros réus por quatro atentados: dois em trens na França, um contra a redação de um jornal de língua árabe de Paris e outro contra um centro cultural francês na Alemanha Oriental. Ele já foi condenado à prisão perpétua pela morte dois agentes da inteligência francesa e um informante em 1975. / AFP

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