Carta de atirador revela que massacre nos EUA foi planejado

Sul-coreano demonstra sua raiva pelos colegas em bilhete deixado antes do crime

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Por Agencia Estado
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Uma carta encontrada por investigadores no dormitório do autor do massacre na universidade Virginia Tech, que deixou 32 mortos na segunda-feira, 16, indica que o crime foi premeditado, informou o jornal americano Chicago Tribune nesta terça-feira, 17. A carta incluía uma lista de queixas de Cho Seung-hui sobre seus colegas, intitulando-os de "garotos ricos", "festeiros" e "charlatões enganadores". Segundo investigadores, o rapaz sul-coreano de 23 anos seria o responsável pelo ataque - o mais sangrento tiroteio em instituições de ensino na história dos EUA. De acordo com o Tribune, Cho diz na carta que os culpados pelo massacre eram as próprias vítimas: "Vocês me fizeram fazer isso", escreveu ele. O estudante sul-coreano morava nos Estados Unidos há 14 anos, mas vizinhos e colegas disseram saber muito pouco sobre sua vida. Cho cursava literatura em língua inglesa na universidade, e já tinha dado sinais de comportamento incomum, como quando iniciou um incêndio num quarto do alojamento da universidade ou ao perseguir mulheres, disse o Tribune, que usou como fontes pessoas próximas à investigação. Segundo o jornal, os investigadores acreditavam que Cho já havia tomado, em algum momento da vida, remédios contra a depressão. "Ele era muito calado, estava sempre sozinho", disse ao jornal Abdul Shash, vizinho da família de Cho em Centreville, na Virgínia. Segundo Shash, Cho passava a maior parte de seu tempo livre jogando basquete, e não respondia quando alguém o cumprimentava. Redações de pesadelo As redações de Cho no curso de escrita criativa da universidade também despertaram suspeitas de estudantes e professores. Um colega do sul-coreano ouvido pela CNN destaca que muitos alunos do curso já haviam especulado sobre a possibilidade do estudante tornar-se um atirador. "Era como algo saído de um pesadelo", escreveu Ian McFarland sobre uma redação de Cho, em seu blog. "Os textos tinham um tipo de violência bastante maluca, macabra, citando armas que eu nunca imaginei que existissem." O estudante lembra que na ocasião os estudantes já imaginavam que ele poderia ser perigoso. "Antes de ele entrar na classe, nós começamos a especular uns com os outros, com preocupação, sobre a possibilidade de ele ser um atirador", conta McFarland. A polícia identificou Cho na terça-feira como o responsável pelas mortes na respeitada universidade, que tem 26 mil estudantes e fica na pacata cidade de Blacksburg. "Cho era solitário e estamos com dificuldades para encontrar informações sobre ele", disse Larry Hincker, porta-voz da universidade. Calmo e brutal Segundo a polícia, o rapaz parece ter usado correntes para trancar as pessoas nas salas. Testemunhas contaram que ele foi de sala em sala, matando as pessoas calmamente. "Não havia nenhuma vítima com menos de três ferimentos de bala", disse à CNN o médico Joseph Cacioppo, que atendeu algumas das vítimas e classificou o atirador como "brutal". Havia mortos e feridos em pelo menos quatro salas de aula e numa escadaria, afirmou a polícia. O corpo do atirador estava no meio de várias das vítimas. Cho levava consigo uma mochila com o recibo da pistola Glock 9 mm que havia comprado em março, por US$ 571, junto com 50 cartuchos, segundo informações da CNN. A outra arma usada por ele foi uma pistola calibre 22. O rapaz mudou-se para os EUA com os pais em setembro de 1992, segundo informações da imigração. Ele tinha "green card" e podia morar e trabalhar nos EUA. Texto atualizado às 18h47

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