Carta de Chávez marca festa bolivariana

Presidente volta a dizer que se está se recuperando e pede união a partidários

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Por CARACAS
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O governo venezuelano divulgou ontem uma nova carta assinada pelo presidente Hugo Chávez, internado em Cuba desde dezembro para recuperar-se de um câncer pélvico. Na comemoração do aniversário de 21 anos do golpe frustrado promovido pelo líder bolivariano contra o presidente Carlos Andrés Pérez, Chávez lamentou sua ausência e pediu união a seus partidários. "Devemos fazer florescer o bem inestimável da união. Ainda há muita pátria para libertar", escreveu Chávez. "Lamento estar fisicamente ausente do território pátrio, mas essa é a exigência da luta que estou enfrentando."No texto, o presidente citou sua famosa frase ao ser preso durante o golpe frustrado: "Me retiro por agora". "O 'por agora' é para sempre. Estou com vocês de boina vermelha e bracelete tricolor."Mais cedo, o vice-presidente Nicolás Maduro inaugurou um quadro de Chávez, de boina e uniforme militar, remetendo aos dias do golpe. Um documento que autoriza investimentos da PDVSA, com a assinatura do líder bolivariano , foi mostrado pelo vice. Milhares de chavistas tomaram ontem as ruas de Caracas para celebrar a intentona. Durante o dia de comemorações, líderes chavistas exaltaram a figura de Chávez, internado em Cuba desde de dezembro, e lhe juraram lealdade.O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, reafirmou a lealdade das Forças Armadas - nas quais tem considerável influência - a Chávez. O vice-presidente Nicolás Maduro, herdeiro político do líder bolivariano, exaltou o golpe frustrado, inaugurou um quadro em homenagem ao presidente e prometeu divulgar uma nova mensagem do chefe de Estado, o que até o fim da noite não tinha ocorrido. "A frase 'Me retiro por agora' foi como dizer 'A luta continua' e agora iremos para a revolução", disse Maduro, vestido com uma jaqueta com as cores da bandeira da Venezuela. "Chávez foi o primeiro a dar a cara a tapa. Por que ele apareceu por um minuto e meio na televisão? Porque era o líder do movimento, estrategista e ideólogo." Cabello, companheiro de Chávez desde o golpe, destacou a lealdade da ala militar chavista em discurso. "A lealdade não tem gradação. Ou somos leais ou não somos. Todos aqui somos obrigados a ser leais com o comandante Chávez, sua palavra, seu pensamento e sua ação", disse Cabello, que foi apresentado para discursar como "o tenente radical chavista Diosdado Cabello". "A lealdade não pode ser cômoda e praticada por conveniência."O presidente da Assembleia Nacional, que retornou de Cuba no domingo, também disse que Chávez continua se recuperando. Desde a cirurgia, em 11 de dezembro, não foram divulgadas imagens, vídeos e áudio do presidente. Por meio dos escassos boletins de saúde divulgados pelo governo, sabe-se que Chávez sofreu uma infecção pulmonar após a operação, que já foi controlada, e ainda apresenta um quadro de insuficiência respiratória. "Ele melhora a cada dia, dá instruções e está preocupado com o povo", disse.Os manifestantes chavistas concentraram-se desde cedo em cinco pontos de Caracas, provocando problemas no trânsito ao longo do dia. Os ativistas se reuniram para um comício dos principais líderes chavistas no bairro de 23 de Enero. / AP e AFP

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