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Cartas da família Romanov voltam à Rússia cem anos depois

Alguns membros da família imperial levaram cartas, fotografias e desenhos em sua fuga das perseguições da revolução de 1917

Atualização:

MOSCOU - Cem anos após a revolução russa, uma coleção de documentos dos Romanov volta ao país, contando o dia a dia da família imperial em telegramas sobre caçadas ou cartas angustiadas devido à chegada ao poder dos bolcheviques.

Alguns membros da família imperial levaram cartas, fotografias e desenhos em sua fuga das perseguições da revolução de 1917. 

Coleção de documentose cartas dos Romanov volta para a Rússia Foto: Olga Maltseva/AFP

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Esses documentos faziam parte de uma coleção privada em Londres, até que o banco estatal russo Sberbank os comprou, em julho, por mais de € 70 mil. Agora, podem ser vistos no Museu de Tsárskoye Seló, a cidade dos czares, nos arredores de São Petersburgo, onde a família real passava os verões.

"Essas cartas e telegramas expõem a vida cotidiana da família imperial, e o muito que se amavam", disse à France-Presse Irina Raspopova, do fundo de conservação do Museu de Tsárskoye Seló.

Entre os aproximadamente 200 documentos, há a correspondência do último czar da Rússia, Nicolau II, a de sua mulher, Alexandra Feodorovna, de seu pai, Alexandre III, e de outros membros da família Romanov, entre 1860 e 1928.

"As coisas não vão muito bem, mas cacei e matei onze faisões", escreve o imperador Alexandre III em uma carta à sua filha Xenia, encontrada em um envelope com a anotação "Telegramas do papai. 1894", ano da morte do czar.

Os documentos estão escritos em russo, francês e inglês, em papel amarelado e com monogramas dos membros da família Romanov ou o nome dos hotéis em que se hospedaram em suas viagens.

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Mas o tom das cartas e telegramas se torna mais sombrio à medida que os acontecimentos tumultuados de 1917 se desenrolam - da queda da monarquia à tomada comunista do poder, até o fim do ano.

"Continuamos indo ladeira abaixo e é fácil imaginar o que nos espera", escreveu o grão-duque Nicolau Mikhailovich, tio de Nicolau II, em 1918, meses antes de ser executado por ordem das novas autoridades bolcheviques.

Príncipe Nicolas Romanov, da Rússia, com imagem da família de Nicolau II, seu antepassado Foto: REUTERS/Denis Balibouse

O grão-duque descreve em suas cartas o ambiente revolucionário que reinava em São Petersburgo, que foi a capital da Rússia bolchevique até 1924, mencionando Lenin e Trotsky e as buscas realizadas em seu palácio.

"Ainda não se escuta o canhão, mas é inevitável. É provável que os bolcheviques vençam", escreveu em 25 de outubro de 1917 (7 de novembro do calendário atual), dia da tomada do Palácio de Inverno./AFP 

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