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Casa Branca ataca mídia por críticas a Trump

Assessor do presidente dos EUA promete continuar acusando imprensa de mentir

Por Cláudia Trevisan , Correspondente e Washington
Atualização:

Integrante da equipe de assessores de Donald Trump na Casa Branca, Sebastian Gorka afirmou nesta teça-feira que o governo continuará a usar a expressão “notícias falsas” para criticar a grande imprensa até que ela corrija o suposto “desejo monumental” de atacar o presidente eleito dos EUA. 

A tentativa de minar a credibilidade da imprensa marcou o governo de Trump desde seu primeiro dia e ganhou mais espaço à medida que reportagens passaram a relatar problemas na execução de medidas e divisões entre os polos de poder da Casa Branca sob a nova gestão.

Presidente Donald Trump Foto: EFE/Andrew Harrer

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Nos últimos dois dias, o presidente utilizou informações falsas para tentar comprovar sua acusação de que a imprensa é desonesta. Em um encontro com xerifes nesta terça-feira, Trump acusou jornalistas de não cobrirem o fato de que a criminalidade nos EUA está no mais alto patamar em 47 anos. 

Na verdade, o indicador está em um dos mais baixos níveis da história. O número de homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes foi de 4,9 em 2015, pouco menos da metade dos 10,2 registrados em 1980.

No dia anterior, Trump havia acusado a imprensa de não cobrir atentados terroristas. “Eles têm suas razões e vocês entendem isso”, disse o presidente em um discurso a militares na Flórida, sem esclarecer o significado da insinuação.

Horas depois da declaração, a Casa Branca apresentou uma lista de 78 atentados que, segundo o governo, não receberam espaço suficiente na imprensa. Entre eles, estavam os ataques em Paris, Nice, Orlando, San Bernardino e Bruxelas, que ocuparam inúmeras páginas de jornais, revistas e sites, além de horas de transmissão em TVs.

Em depoimento no Senado nesta terça-feira, o secretário de Segurança Interna, o general John Kelly, discordou da avaliação do presidente. Segundo ele, a “imprensa responsável” faz o melhor trabalho possível na cobertura de atentados.

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Na semana passada, Kellyanne Conway, uma das principais assessoras de Trump, fez referência a um atentado terrorista que não existiu para defender a necessidade do veto à entrada nos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana.

Conway é a mesma assessora que usou a expressão “fatos alternativos” para justificar a afirmação do porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, de que o público presente à posse de Trump havia sido o maior da história – o que não era respaldado por fotos, avaliação de especialistas e dados sobre o uso do metrô em Washington. Questionado nesta terça-feira sobre a suposta falta de cobertura dos atentados, Trump voltou a falar da “total desonestidade” da mídia. 

A declaração de Gorka, o assessor da Casa Branca, indicou que o conflito entre o governo e a imprensa será duradouro. “Até que a mídia entenda quão errada é essa atitude (de criticar o governo), e como ela mina sua credibilidade, nós vamos continuar a dizer ‘falsas notícias’”, afirmou.

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