Casa Branca descarta acusações de que politizou o 11/9

Posicionamento é resposta a democratas que criticaram discurso de Bush sobre os cinco anos do 11 de Setembro

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Por Agencia Estado
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A Casa Branca descartou nesta terça-feira as acusações feitas por legisladores democratas de que o presidente George W. Bush tentou capitalizar politicamente as celebrações dos cinco anos dos atentados 11 de Setembro. O presidente foi criticado por senadores da oposição por justificar sua campanha no Iraque durante um discurso feito na noite de segunda-feira. O porta-voz de Bush, Tony Snow, afirmou que apesar de o pronunciamento de 17 minutos possuir "três ou quatro sentenças" que podem ser consideradas controversas, o presidente tentou não ser partidário. Segundo Snow, Bush não pôde deixar de discutir as questões do Iraque, mas não isso implicou em qualquer exigência ao Congresso dos Estados Unidos. "O discurso não foi projetado com razões partidárias, mas trouxe as reais reflexões e a reação do presidente sobre o que aconteceu desde 11 de setembro de 2001", afirmou Snow. "Bush decidiu que o dia não era para partidarismos", acrescentou. Em uma campanha para ganhar o controle do Congresso das mãos do partido republicano nas eleições legislativas de novembro, os democratas acusaram o presidente de ter usado um dia que era para ser luto de nacional com o objetivo de contabilizar uma vitória partidária. O líder democrata do Congresso, senador Harry Reid, afirmou nesta terça-feira que Bush foi "consumido pela a guerra do Iraque e pelo jogo político em ano eleitoral". "O povo americano merecia mais na noite de ontem", afirmou Reid, em discurso nesta terça-feira. "Elas mereciam uma chance de exigir um senso de unidade, propósito e patriotismo que varreu nosso país há cinco anos", considerou o senador. "Inimigo brutal" Durante um discurso nas primeiras horas do dia, Bush descreveu um inimigo brutal que ainda tem a intenção de matar americanos, talvez até com armas de destruição em massa, caso tivesse chances. "Se nós não combatermos nossos inimigos agora, vamos deixar nossas crianças encararem um Oriente Médio invadido por estados terroristas e ditadores radicais com armas nucleares", afirmou Bush. "Estamos em uma guerra que vai ditar o curso do novo século e determinar o destino de milhões de pessoas no mundo", pregou o presidente. Bush começou com um tributo de dois minutos em homenagem às vítimas do 11 de Setembro, mas na maior parte do discurso tentou justificar a política externa adotada desde então. Com seu partido no controle do Congresso e com a aproximação das eleições, Bush sugeriu que os oposicionistas que pedem a retirada das tropas do Iraque estariam dando a vitória aos terroristas. "Mesmo com erros cometidos no Iraque, o maior erro seria pensar que saindo de lá os terroristas nos deixariam em paz", afirmou Bush, em discurso proferido do Salão Oval da Casa Branca. Atrás do presidente estava a foto de suas duas filhas gêmeas e a bandeira dos Estados Unidos. "Eles não vão nos deixar sozinhos. Eles vão nos seguir. A América segura depende da batalha nas ruas de Bagdá." "O presidente deveria sentir vergonha de usar um dia de luto nacional com um discurso criado não para unir o país e prestar homenagem aos mortos, e sim para pedir apoio à guerra do Iraque, que, como ele mesmo admitiu, não tem nada a ver com o 11 de Setembro", criticou o senador democrata Edward Kennedy. "Haverá tempo para debater as políticas do presidente, esta não é a ocasião", acrescentou.

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