
11 de julho de 2013 | 18h07
WASHINGTON - A decisão da Casa Branca de enviar armas aos rebeldes sírios estancou no Congresso. Nenhum carregamento teve autorização para ser embarcado até agora. Os parlamentares dividem-se entre os que se opõem à medida, pelo temor de as armas caírem em mãos de extremistas, e os que consideram a ajuda tardia demais para reforçar a oposição ao regime de Bashar Assad.
Os entraves do Congresso não são notados apenas nos EUA. Na Grã-Bretanha, a Câmara Baixa aprovou nesta quinta-feira, 11, uma moção que, na prática, torna impossível ao primeiro-ministro David Cameron enviar armas e equipamentos militares aos rebeldes sírios. A votação foi concluída com 114 votos em favor da moção e apenas 1 contra.
Nos campos de batalha da Síria, os rebeldes se veem pressionados cada vez mais pelas forças de Assad, agora concentradas na tomada de Homs, cidade estratégica para o suprimento da oposição. As denúncias de uso de armas químicas pelas tropas leais ao governo, que deram substância à decisão da Casa Branca de ajudar os rebeldes com armas, têm aumentado. A Rússia, aliada e fornecedora de armas do regime sírio, acusou os rebeldes de usar gás sarin fabricado artesanalmente nas proximidades de Alepo.
Segundo o jornal Washington Post, a Casa Branca tentou nesta semana convencer os congressistas da necessidade de os EUA enviarem armas para o combate contra as forças do governo, agora reforçadas pelo Hezbollah e milícias iranianas.
Uma das vozes isoladas no Congresso é a do senador republicano John McCain, ex-candidato à presidência em 2008, que tem criticado o atraso do governo americano em armar os rebeldes. McCain continua apoiando a iniciativa. O deputado democrata Adam Schiff, da Comissão de Inteligência da Câmara, é cauteloso em relação ao envolvimento dos EUA na Síria.
"Para mim, a preocupação primária de nos tornarmos supridores de armas está no risco de sermos sugados por mais uma guerra sectária", afirmou. "Fornecer uma pequena quantidade não vai mudar a trajetória no campo de combate e seremos sempre cobrados a enviar mais armas. O risco é muito grande", afirmou ao Washington Post.
Os senadores Robert Menendez, democrata, e Robert Corker, republicano, apresentaram um projeto de lei para permitir o envio. O texto ainda não foi aprovado, mas os autores se mostram insatisfeitos por não terem sido convidados pela Casa Branca a participar das reuniões secretas sobre a remessa. Corker, que agora hesita em aprovar o próprio projeto, alega que a montagem às escondidas desse plano é uma "política terrível".
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