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Casa Branca evita comentar crítica a Bush no Nobel de Carter

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente George W. Bush ligou nesta sexta-feira às 7 da manhã para o ex-presidente Jimmy Carter para parabenizá-lo pelo Nobel da Paz. Mas Bush não passou recibo da crítica que o comitê que premiou Carter fez à sua estratégia de guerra contra o Iraque, ao justificar a homenagem. "O presidente pensa que este é um grande dia para o presidente Carter e um momento importante", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. "Mas este não é também um grande dia para o povo americano?", perguntou uma repórter, recitando a frase que normalmente acompanha as congratulações oficiais quando um ex-presidente recebe uma homenagem internacional. Fleischer desconversou e deixou sem resposta uma terceira pergunta, sobre os comentários que Carter possa ter feito a Bush sobre seu plano para atacar o Iraque, durante a breve conversa telefônica. "Meu conceito de direitos humanos ampliou-se para incluir não apenas o direito a viver em paz, mas também a serviços adequados de saúde, moradia, alimento e oportunidade econômica", afirmou o ex-presidente americano, numa mensagem publicada na página eletrônica do Carter Center, sua biblioteca presidencial, na Universidade Emory, em Atlanta. "Espero que esse prêmio reflita a aceitação universal desse conceito amplo de direitos humanos", disse. Carter, que é indicado para o Nobel da Paz desde o final dos anos 70, quando articulou os históricos acordos de Camp David entre o Egito e Israel, evitou criticar diretamente Bush. Mas, numa entrevista à rede CNN, ele disse que teria votado contra a resolução que o Congresso americano aprovou na madrugada desta sexta, dando plenos poderes a Bush para usar a força contra o Iraque "como achar necessário e apropriado". Há duas semanas, o ex-presidente disse que atacar o Iraque seria um "grave erro". Robert Pastor, que trabalhou com o ex-presidente na Casa Branca e no Carter Center e hoje é vice-presidente da American University, disse que o comentário crítico a Bush feito pelo presidente do comitê norueguês que concedeu o prêmio "foi uma ação preventiva do Comitê Nobel em favor da paz". Nesta sexta, Carter foi mais diplomático. Ele notou que a posição da administração Bush evoluiu desde a ameaça inicial de ir à guerra contra o Iraque, unilateralmente se necessário. "Eu ouvi o discurso do presidente Bush há alguns dias e (ele disse) o oposto: que nós trabalharemos com as Nações Unidas e que não temos nenhuma intenção de trabalhar unilateralmente", afirmou Carter, que é o terceiro presidente dos EUA a receber o Nobel da Paz. Woodrow Wilson foi homenageado em 1919, por seu papel na organização da Liga das Nações, que fracassou, mas deixou a semente que levou à criação da Organização das Nações Unidas no final da Segunda Guerra Mundial. Theodore Roosevelt havia sido premiado cinco anos antes pelos seus esforços de mediação de vários acordos de paz. O presidente provisório do Afeganistão, Hamid Karzai, que estava entre os indicados para o prêmio deste ano, chegou a convocar uma entrevista coletiva para a manhã desta sexta. Ele cancelou a entrevista depois do anúncio feito em Oslo. "Ele merece mais do que eu e ganhou", disse Karzai. "Vou tentar no ano que vem".

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