Casa Branca identifica agente da CIA por engano para jornalistas

Nome do funcionário estava em uma relação de 15 pessoas que participaram de um briefing com Obama

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Por CLÁUDIA TREVISAN - CORRESPONDENTE
Atualização:

 WASHINGTON  - A Casa Branca identificou de maneira inadvertida o chefe da CIA no Afeganistão, em um email enviado aos repórteres credenciados para cobrir as atividades do presidente Barack Obama. A mensagem foi repassada a cerca de 6.000 jornalistas americanos e estrangeiros cadastrados para receber informações da Casa Branca.

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O nome do representante da CIA estava em uma relação de 15 pessoas que participaram de um briefing com Obama durante a visita surpresa que ele fez ao Afeganistão no domingo. O oficial era identificado como chief of station, a expressão usada pela agência para identificar os responsáveis por suas operações em cada país.

A Casa Branca foi alertada da inclusão do chefe local da CIA na relação pelo diretor da redação do Washington Post na capital, Scott Wilson, que acompanhou a viagem de Obama com outros jornalistas. Outra lista das pessoas que participaram do briefing com o presidente foi divulgada em seguida, sem o nome do agente da CIA. A pedido da Casa Branca, o Washington Post não revelou sua identidade, posição que o Estado também decidiu adotar.

O governo sustenta que a divulgação de seu nome pode comprometer sua segurança e a de sua família, transformando-os em alvo para eventuais ataques do Taleban ou da Al-Qaeda. Oficialmente, ele atua no Afeganistão como diplomata.

A identidade dos agentes da CIA é tratada como um segredo de Estado e sua revelação intencional e não autorizada pode ser punida criminalmente. Quase nunca ela vem à tona por ação do próprio governo. O único caso recente foi o de Valerie Plame, cuja ligação com a CIA foi revelada em 2003, em um escândalo que envolveu assessores do então presidente George W. Bush.

Auxiliares do dirigente republicano decidiram expor Plame para atingir seu marido, o ex-embaixador Joseph Wilson, que era um crítico contundente da Guerra do Iraque.

O caso colocou fim à carreira de Plame no serviço de inteligência e levou à abertura de uma investigação criminal. Em 2007, Lewis "Scooter" Libby, chefe de gabinete do então vice-presidente Dick Cheney, foi condenado a 30 meses de prisão e multa de US$ 250 mil por ter mentido durante a apuração do vazamento da identidade de Plame.Não está claro se a revelação do chefe da CIA no Afeganistão forçará sua retirada do país. Em 2010, o chefe da organização no Paquistão foi substituído de maneira abrupta quando funcionários do governo local informaram os EUA que sua real identidade havia sido revelada.

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Obama passou menos de quatro horas no Afeganistão no domingo, onde discursou a cerca de 3.000 soldados na véspera do feriado que homenageia os combatentes mortos em guerras. O presidente também recebeu informações sobre a situação do país e as perspectivas para permanência de tropas americanas no local depois de dezembro de 2014, quando as ações americanas de combate chegarão ao fim. O chefe da CIA no país era um dos 15 participantes desse encontro.

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