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Casa Branca modera resposta a documento

Estratégia cautelosa de Washington é a de deixar que o relatório da AIEA fale por si e esperar que isso amplie pressão diplomática sobre o Irã

Por STEVE MYERS e WASHINGTON
Atualização:

WASHINGTON - Quando as agências de inteligência afirmaram, há quatro anos, que o Irã havia suspendido seus esforços para a fabricação de armas nucleares em 2003, suas conclusões rebateram os argumentos do governo de George W. Bush que defendia medidas internacionais mais rigorosas e até mesmo uma intervenção militar contra Teerã. Agora, com a divulgação dos detalhes do relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a respeito do que seriam, na opinião da agência, as provas confiáveis da persistência dos esforços do Irã no projeto de construção de uma ogiva nuclear e sua instalação em um míssil balístico, o presidente Barack Obama terá de enfrentar mais um problema e responder a essas conclusões, uma vez que suas opções são mais limitadas do que nunca. A reação do governo foi extremamente branda, tanto em público quanto em particular, dados os elevados riscos diplomáticos e militares implícitos na busca do Irã por armas nucleares. A atitude mostra a relutância da Casa Branca em alimentar uma guerra de palavras e também uma cuidadosa estratégia para permitir que o relatório da agência fale por si, na esperança de que se intensifique a pressão econômica e diplomática sobre o Irã. Representantes de Washington afirmaram que novas sanções estão sendo estudadas e há possibilidade de que as brechas nas medidas que já estão em vigor sejam fechadas, o que seria feito em coordenação com os europeus e outros aliados. Estão previstas sanções mais rigorosas à Guarda Revolucionária Islâmica, a força que controla as atividades nucleares iranianas e amplas áreas da economia do país. Os pedidos da aplicação de maior rigor intensificaram-se no Capitólio depois que os EUA desmantelaram um suposto complô com apoio iraniano para assassinar o embaixador da Arábia Saudita nos EUA. Entretanto, as autoridades afirmaram que sanções mais amplas contra o Banco Central do Irã - conforme foi proposto por membros do Congresso - ou contra suas exportações de petróleo e gás poderiam comprometer a economia mundial. Também não ficou claro se as medidas teriam o apoio da Rússia e da China, que dispõem do poder de veto no Conselho de Segurança da ONU. Há muito tempo a política americana tem sido impedir que o Irã obtenha armas nucleares, e, embora a AIEA não tenha previsto quando isso poderá ocorrer, a maneira como Teerã procurará alcançar o objetivo tornou-se uma das principais ameaças externas com que o presidente se defronta em sua campanha para a reeleição no próximo ano. Por enquanto, os EUA não discutem a possibilidade de uma resposta militar, embora supostamente as operações dos serviços secretos visassem a minar o contínuo esforço do Irã com esse propósito. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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