08 de outubro de 2019 | 11h38
Atualizado 08 de outubro de 2019 | 17h16
WASHINGTON - O governo Donald Trump ordenou que Gordon Sondland, embaixador dos Estados Unidos na União Europeia (UE), não comparecesse a um depoimento marcado na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 8.
Sondland, que doou US$ 1 milhão para o comitê que organizou a posse de Trump, deveria se reunir a portas fechadas na manhã desta terça com funcionários de três comissões da Câmara como parte da investigação de impeachment contra o presidente.
"No início desta manhã, o Departamento de Estado americano ordenou que o embaixador Gordon Sondland não comparecesse para seu depoimento agendado na Comissão Conjunta da Câmara dos Deputados", disse o advogado do diplomata, Robert Luskin.
O advogado destacou que seu cliente está "pronto para testemunhar, desde que seja permitido" e está "profundamente desapontado por ser impedido de fazê-lo". "(Sondland) realmente acredita que agiu, a todo momento, de acordo com os melhores interesses dos EUA."
O chefe da Comissão de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, afirmou que a iniciativa da Casa Branca para bloquear o depoimento de Sondland "é mais uma evidência da obstrução" ao Congresso. Schiff e outros deputados democratas disseram que considerarão esse episódio obstrução e devem emitir uma intimação para que o diplomata deponha.
Sondland seria ouvido como parte dos procedimentos da Câmara sobre a possível pressão de Trump sobre o líder ucraniano, Volodmir Zelenski, a investigar seus rivais políticos.
Embora a Ucrânia não esteja na UE, Trump teria instruído o embaixador - um rico empresário do ramo hoteleiro e colaborador de sua campanha - a liderar as relações entre o governo Trump e Kiev. Os democratas o consideram uma testemunha-chave do que aconteceu entre os dois países.
Sondland interagiu diretamente com Trump, falando várias vezes com o presidente em momentos importantes que os democratas estão investigando, incluindo antes e depois da ligação de Trump em julho para Zelenski.
Neste contato, o presidente americano pediu que Zelenski lhe fizesse "um favor" e investigasse os negócios do filho do ex-vice-presidente Joe Biden e uma teoria da conspiração sobre a intromissão da Ucrânia nas eleições de 2016.
Mensagens de texto entregues ao Congresso na semana passada mostram que Sondland e outro diplomata haviam trabalhado em uma declaração que eles queriam que o presidente ucraniano divulgasse em agosto se comprometendo com as investigações solicitadas por Trump sobre seus rivais políticos. Os diplomatas também consultaram o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, sobre a declaração. / NYT, EFE e AFP
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