Caso das escutas mancha reputação de Cameron

Premiê tornou-se alvo de críticas ao indicar como seu assessor de comunicações um ex-editor do tabloide

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Por Henry Chu
Atualização:

Há pouco mais de um ano no cargo de premiê, David Cameron enfrenta a mais grave crise de sua carreira política, obrigado a assumir a defensiva por causa de um escândalo de grampo telefônico cujas proporções não param de aumentar. Um caso capaz de semear a desordem na mídia, na Scotland Yard e nos assombrados corredores de Downing Street. Cameron tornou-se o alvo de críticas cada vez mais intensas por ter indicado como seu principal assessor de comunicações um ex-editor do tabloide News of the World, trazendo para o seu círculo um homem agora suspeito de conspirar para grampear os celulares de cidadãos e de subornar policiais em troca de informação. O ex-assessor de Cameron, Andy Coulson, que renunciou em janeiro ao cargo, foi preso na semana passada e solto sob fiança. Cameron teve dificuldade para se defender das acusações de que ele teria manifestado uma péssima capacidade de julgamento ao contratar Coulson apesar das reservas apresentadas por outros políticos importantes, e também de que teria cultivado elos excessivamente próximos com executivos que representam os interesses do magnata da mídia Rupert Murdoch. Os registros mostram também que, desde que se tornou premiê, Cameron reuniu-se com executivos da News International (de Murdoch) uma média de duas a três vezes por mês. A reputação de Cameron foi manchada pelo furor e pela dúvida lançada em relação à sua capacidade pessoal de julgamento, dizem os analistas. "A imagem dele foi muito prejudicada", diz Steven Fielding, professor de ciências políticas da Universidade de Nottingham. "Isso abre um precedente em relação a Cameron pois, quer gostemos dele ou não, é preciso concordar que ele transmitia a impressão de ser um político experiente e capaz. Com isso ele se torna vulnerável." / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL É JORNALISTA DO "LOS ANGELES TIMES"

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