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Caso Diana: motorista e paparazzi são culpadosCaso Diana: motorista e paparazzi são culpados

Inquérito judicial conclui que acidente de 1997 foi causado por negligência

Por AP e Reuters
Atualização:

A morte da princesa Diana e de seu namorado Dodi Al-Fayed, num acidente de carro em Paris, em 1997, foi resultado da negligência do motorista Henry Paul, que também morreu, e dos paparazzi que perseguiam o veículo no momento do choque, segundo um inquérito judicial sobre o caso. O único sobrevivente do acidente foi o guarda-costas Trevor Rees. O veredicto dado pelo júri - que seria parecido com o de homicídio culposo no Brasil -, por nove votos a favor e dois contra, foi o mais duro possível e coloca um fim às teorias de conspiração sobre a morte da princesa. O pai de Dodi, Mohammed Al-Fayed, acusa a família real britânica e o serviço de inteligência da Grã-Bretanha MI-6 de terem assassinado o casal. O bilionário egípcio é dono da loja de departamento Harrods. "O acidente foi causado, ou facilitado, pela velocidade e pela condução do motorista do carro (Paul), e pela velocidade e condução dos veículos que perseguiam o carro", afirmou um dos jurados, ao ler o veredicto. Para o júri, os fatores que contribuíram para a morte do casal foram o fato de que Paul consumiu álcool antes de entrar no veículo, o de que a Diana não estava usando cinto de segurança e, além disso, o carro ter batido contra um pilar, e não uma parede, no Túnel Pont de l?Alma. Ao longo de seis meses, os 11 jurados ouviram cerca de 240 testemunhas de vários países, como França, EUA, Brasil e Nigéria. Do Brasil, a testemunha foi a embaixatriz Lúcia Flecha de Lima, considerada amiga íntima de Diana. O inquérito, que custou cerca de 10 milhões de libras (R$ 34 milhões), demorou 10 anos para ser realizado, pois teve de esperar as conclusões de uma investigação policial na França, em 1999, e outra na Grã-Bretanha, em 2006. Ambas culparam Paul pelo acidente. "Espero que o veredicto traga um desfecho para o caso", afirmou o ex-chefe da polícia britânica John Stevens, responsável pela relatório de 2006. Mohammed, no entanto, mostrou-se longe de estar satisfeito com a decisão do júri. "Não sou a única pessoa que disse que os dois foram assassinados. Diana já havia previsto que ela seria morta e como isso aconteceria", disse. "O veredicto é um golpe para os milhões de pessoas que apoiavam a minha causa", completou Mohammed. Para o pai de Dodi, o príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth, teria ordenado que o serviço de inteligência britânica assassinasse o casal pois queria evitar que Diana se casasse com um muçulmano. Ele afirma ainda que a princesa estava grávida de Dodi. A autópsia realizada pelas autoridades francesas não encontrou nenhum indício de que Lady Di estivesse grávida. Mohammed insistiu que a rainha e o príncipe deveriam ter sido chamados como testemunhas no caso. "Ninguém deveria estar acima da lei. Sempre acreditei que o príncipe Philip e a rainha tinham informações valiosas sobre o caso", acusou o egípcio. Não está claro se o pai de Dodi apelará da decisão de ontem. Apesar de o veredicto dado pelo júri abrir caminho legal para um processo criminal contra os paparazzi que perseguiam o carro de Diana, há pouca probabilidade de que eles sejam julgados. Os sete, que são franceses, já foram inocentados pela Justiça da França. Além disso, os tribunais britânicos não têm jurisdição sobre eventos que ocorreram em outro país. VAIVÉM DA INVESTIGAÇÃO 6/8/1997 - Jornais publicam fotos da princesa Diana e Dodi Al-Fayed num iate no Mar Mediterrâneo 14/8/97 - Em entrevista, Diana nega rumores de que estaria prestes a se casar com Dodi 30/8/97 - O casal chega a Paris, onde se hospeda no hotel Ritz. Dodi irrita-se com a presença de paparazzi 31/8/97 - Diana e Dodi deixam o hotel de madrugada e começam a ser perseguidos pelos fotógrafos. O motorista, Henri Paul, que também era chefe de segurança do hotel, perde o controle do carro, um Mercedes, e bate contra um pilar no Túnel Pont de l''Alma. Diana chega a ser levada a um hospital, mas não resiste aos ferimentos e morre. Além da princesa, Dodi e Paul também morrem. O guarda-costas Trevor Rees sobrevive. A polícia francesa prende paparazzi que estavam no local 1/9/97 - Exames revelam que o nível de álcool no sangue de Paul, no momento do acidente, era três vezes acima do permitido pela lei francesa 2/9/97 - Promotores franceses abrem inquérito para investigar o caso 5/9/97 - François Levistre, que testemunhou o acidente, afirma ter visto "uma forte luz" logo antes do choque, dando início a uma série de teorias de assassinato 10/9/97 - Teste do sangue de Paul revela que motorista tinha bebido e havia tomado Prozac, para tratar de uma depressão, e Tiapridal, que combate o alcoolismo 12/2/98 - Fayed afirma que o choque do carro não foi acidental. Segundo ele, Diana e Dodi iriam celebrar o noivado na noite do acidente, algo que não seria aceito pelo "establishment", referindo-se à família real 3/9/99 - Justiça francesa divulga relatório sobre investigação policial. Paul é apontado como culpado. Paparazzi são inocentados. Fayed afirma que apelará 14/4/2002 - Suprema Corte da França rejeita apelação do pai de Dodi e confirma conclusão de relatório da Justiça 6/1/04 - Polícia britânica é encarregada de realizar nova investigação da morte de Diana. Daily Mirror publica carta da princesa ao mordomo Paul Burrell, dizendo que o ex-marido, príncipe Charles, pretendia matá-la 14/12/06 - Relatório da polícia descarta possibilidade de que Diana foi assassinada 2/3/07 - Justiça determina que inquérito será julgado por júri 2/10/07 - Inquérito é aberto e painel com 11 jurados é formado 8/10/07 - Jurados visitam local do acidente em Paris, causando engarrafamento na região 18/2/08 - Fayed presta testemunho no inquérito e volta a afirmar que casal foi assassinado 31/3/08 - Juiz do inquérito rejeita possibilidade de assassinato no caso e diz que o júri poderá apenas chegar a um veredicto de homicídio culposo por parte de Paul, homicídio culposo por parte dos paparazzi ou morte acidental.

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