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Caso dos grampos chega aos EUA e FBI apura escutas a vítimas do 11/9

Em carta a diretor da polícia federal americana, congressistas exigem apuração de denúncia de que o ''News of the World'' teria espionado parentes de mortos nos ataques de 2001; família de Jean Charles também teme ter sido ''grampeada''

Atualização:

NOVA YORKO escândalos das escutas ilegais na Grã-Bretanha cruzou o Atlântico. Ontem, o FBI (polícia federal americana) disse que abriu uma investigação para saber se o News Corp., grupo comandado por Rupert Murdoch, grampeou os telefones de vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001. "Estamos cientes das acusações e já abrimos uma investigação", afirmou um porta-voz do FBI, que pediu anonimato, às agências Associated Press e EFE.A decisão foi tomada depois que o deputado republicano Peter King - e outros congressistas - escreveram para Robert Mueller, diretor do FBI, exigindo a apuração do caso. "De acordo com relatórios recentes, jornalistas que trabalhavam para o News of the World solicitaram a um policial de Nova York o acesso aos arquivos telefônicos das vítimas do 11 de Setembro", afirmou o congressista na carta.Pesou também a pressão feita pelo senador democrata Jay Rockefeller, que fez um duro discurso pela abertura de uma investigação para determinar se a privacidade de cidadãos americanos foi violada. "As supostas escutas dos jornais da News Corp. contra uma gama de indivíduos, inclusive crianças, são ofensivas e uma grave transgressão da ética jornalística", disse Rockefeller. 

 

 

   

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  O caso. As primeiras denúncias vieram a público em 2006, quando a família real desconfiou que havia sido grampeada após o News of the World publicar uma reportagem sobre uma contusão no joelho do príncipe William, da qual ninguém sabia.

Entre os grampeados pelo tabloide estariam celebridades, políticos e membros da família real. Entre os famosos grampeados estariam o príncipe William, a atriz Gwyneth Paltrow, o ator Hugh Grant, a modelo Elle Macpherson, o cantor George Michael e o prefeito de Londres, Boris Johnson.

Em 2007, Clive Goodman, repórter do News of the World, e o investigador Glen Mulcaire, contratado pelo tabloide para espionar os famosos, se declararam culpados, foram condenados e presos - Goodman cumpriu quatro meses e Mulcaire, seis.

O escândalo ganhou nova força na semana passada, após denúncias de que o tabloide também havia grampeado cerca de 4 mil pessoas - incluindo uma adolescente assassinada em 2002, familiares de pessoas que morreram nos atentados de Londres, em 2005, e de soldados mortos em combate no Afeganistão e no Iraque.

Investigadores britânicos encontraram também evidências de que Mulcaire teria subornado cinco policiais, pagando US$ 160 mil em dinheiro, em troca de informações. A onda de denúncias fez Murdoch anunciar o fechamento do News of the World, um dos jornais mais vendidos do país, e desistir da compra de uma TV por satélite, a British Sky Broadcasting (BSkyB).

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Jean Charles. A família do brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado pela polícia britânica em julho de 2005, enviou uma carta ao primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron - com cópia para o vice-premiê Nick Clegg -, solicitando uma investigação sobre o possível grampo telefônico do qual teria sido vítima Alex Pereira, primo do brasileiro. O jornal The Guardian afirmou ontem que o telefone e algumas anotações de conversas de Alessandro Pereira constam dos documentos encontrados com Mulcaire. / AFP, AP, EFE e NYT

PONTOS-CHAVETelefones grampeados pela imprensaVítimas de terrorismo

Parentes de vítimas dos ataques a Londres, em 2005, familiares do brasileiro Jean Charles e de soldados britânicos mortos no Iraque e no Afeganistão

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Escândalo ganhou força após denúncia de grampo do celular de Milly Dowler, de 13 anos, morta em 2002. Recados da caixa postal foram apagados

Família real

Em 2006, a realeza desconfiou de escutas ilegais após reportagem sobre uma contusão no joelho do príncipe William, da qual ninguém sabia

PARA LEMBRARO império de Murdoch

Proprietário de vários jornais, emissoras de TV, produtoras de cinema e sites de internet nos EUA, Austrália e Grã-Bretanha, o controlador da News Corp., Rupert Murdoch, de 80 anos, é um dos principais magnatas da indústria da comunicação. Conhecido pelo conservadorismo político - é notório entusiasta do Partido Republicano - e pela agressividade nos negócios, começou seu império nos anos 50 ao adquirir uma cadeia de jornais e revistas na Austrália. Rapidamente, expandiu os negócios para a Grã-Bretanha e para os EUA. Hoje, é dono da Fox, dos jornais New York Post, Wall Street Journal, The Times e The Sun, do estúdio de cinema 20th Century Fox e é acionista majoritário do time australiano de rúgbi Brisbane Broncos.

 

Leia mais:lista Entenda o escândalo dos grampos envolvendo o 'News of the World'

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