Caso enfraquece imagem de premiê conservador

Desde começo do escandalo, Cameron se colocou em uma posição vulnerável e muito pouco comum

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LONDRES - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, é geralmente um político ágil, autoconfiante e capaz de se desviar das críticas com facilidade. No entanto, nos últimos dias, desde que se agravou o escândalo das escutas ilegais na Grã-Bretanha, o premiê se colocou em uma posição vulnerável e muito pouco comum. Sua imagem inconquistável vem sendo afetada por decisões titubeantes diante do caso. Cameron tem sido obrigado a voltar atrás em várias declarações. A situação embaraçosa chegou ao limite na terça-feira, quando o Partido Trabalhista, seu opositor e pior inimigo, pediu que a News Corp., empresa de Rupert Murdoch, retirasse a oferta de US$ 12,5 bilhões para a compra da British Sky Broadcasting, também conhecida como BSkyB.Adversários de Cameron aproveitaram a chance para golpear o até então inatingível primeiro-ministro. O escândalo deu nova vida para o Partido Trabalhista e para seu líder, Ed Miliband. Há sinais também de fissuras na coalizão de governo, entre conservadores e liberal-democratas. Nick Clegg, vice-primeiro-ministro e líder dos liberal-democratas, resolveu mostrar independência e se aproveitou da indignação popular para exigir que Murdoch retirasse a proposta de compra da BSkyB - um dia antes de Cameron fazer o mesmo.Retratações. Os problemas do premiê, porém, vão além da leitura ruim da situação política. O escândalo, segundo seus adversários, levanta questões sobre o caráter de Cameron e sua capacidade de julgamento por cultivar laços com o grupo midiático de Murdoch, que ajudou a colocá-lo no cargo, mas que se tornou extremamente impopular. Cameron está na defensiva por causa de seu relacionamento com seu ex-porta-voz Andy Coulson, contratado em 2007 - ele renunciou ao cargo em janeiro após ser envolvido no escândalo dos grampos. Na semana passada, antes de Coulson ser preso e interrogado pela polícia, Cameron chamou o ex-porta-voz de "amigo" e jurou que ele era inocente. Após a prisão de Coulson, o premiê tentou corrigir o erro. "Se o que ele me disse é mesmo mentira, ficarei extremamente irritado", afirmou. / NYT

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