19 de maio de 2011 | 00h00
Num primeiro momento, todos os seus amigos socialistas se engajaram pessoalmente em limpá-lo das acusações. Eles diziam: "Tudo bem, ele é um pouco assanhado, mas não é um crime amar as mulheres."
Depois de 24 horas, contudo, o sistema de defesa dos socialistas mudou. Ao proteger Strauss-Kahn com esses argumentos, eles deixariam transparecer que a camareira agredida teria mentido. O Partido Socialista se veria preso, então, "em flagrante delito" de machismo, o que, em país socialista, é um pecado capital.
Os socialistas dizem-se próximos das mulheres. Por conseguinte, não podiam deixar transparecer que defendiam o presumido "violentador". De mais a mais, para complicar a tarefa dos socialistas, a vítima era a um só tempo "mulher", "negra" e "pobre", o que tornava ainda mais odiosa sua conduta.
Assim, para ter ao menos alguma coisa a dizer, os socialistas viram seus canhões na direção de um terceiro alvo: os Estados Unidos. Eles detalham as fraquezas do sistema policial e judiciário americano. Denunciam a brutalidade do tratamento reservado a Strauss-Kahn. Com a barba por fazer, desvairado e mudo, ele é encarcerado numa prisão sinistra diante de todas as testemunhas. /TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
É CORRESPONDENTE EM PARIS
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