Casos de antraz podem ter origem criminosa

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Por Agencia Estado
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As autoridades que investigam a morte de um homem e o contato de um outro com a bactéria causadora do antraz disseram nesta terça-feira que ainda não chegaram a uma conclusão sobre se eles foram vítimas de uma ação criminosa, mas não descartam essa hipótese. "A possibilidade de que a bactéria se tenha espalhado no local de trabalho deles sem intervenção humana é praticamente nula", afirmou o senador pelo Estado da Flórida Bob Grahan, com base em fontes do setor federal de saúde. As autoridades desmentiram que houvesse um terceiro caso confirmado A polícia isolou o edifício da editora America Media, onde eles trabalhavam, na cidade de Boca Raton, na Flórida, depois que as autoridades de saúde concluíram que a bactéria pode estar presente no local. Estão sendo examinados cerca de 850 empregados e visitantes que ficaram mais de uma hora na empresa nos últimos dois meses, bem como seus parentes. A palavra antraz tem sua origem no termo grego para carvão - antharacis -, pois essa doença, contraída de animais, pode causar feridas negras na pele. A bactéria pode entrar no corpo pela pele, por inalação ou pelo consumo de comida contaminada com ela. Se o bacilo é inalado, em 90% dos casos a pessoa morre. Na forma intestinal, é fatal entre 25% a 60% dos casos e, na infecção na pele, em 20%. Em nações como a Argentina, em que o setor pecuário é forte, a bactéria está espalhada no campo, e os trabalhadores rurais costumam contrair a enfermidade na forma cutânea, conhecida como carbúnculo. Tratada a tempo com penicilina não causa complicações graves. A doença pode levar meses desenvolvendo-se, sem causar sintomas, e quando aparece pode ser confundida com um tipo de gripe ou meningite. Ela não é contagiosa de pessoa para pessoa. O fotógrafo da America Media Robert Stevens, de 60 anos, morreu na sexta-feira de uma forma de antraz não vista nos EUA nos últimos 25 anos. Um outro empregado, Ernesto Blanco, de 73 anos, encarregado da correspondência, foi inernado após terem identificado vestígios da bactéria em suas narinas. Ele não contraiu a doença. Mostras da bactéria foram encontradas no teclado do computador de Stevens. As especulações são muitas. O semanário Newsweek informou que uma semana antes dos atentados do dia 11 de setembro, a America Media recebeu uma "estranha carta de amor? dirigida a Jennifer López. No interior do envelope havia uma substância. A carta foi manuseada por vários funcionários, entre os quais Stevens e Blanco. Outra coincidência chamou a atenção: Mohammed Ata, o egípcio tido como um dos terroristas suicidas, morou poucos quilômetros ao norte da editora. A imprensa local destacou que um dos tablóides da America Media - o The Globe - publicou uma entrevista com uma americana que dizia ter sido namorada de Osama bin Laden e o largara por ele "ter um órgão sexual pouco desenvolvido" - o que teria causado "sua fúria contra os EUA", segundo sugeriu o jornal sensacionalista. Essa hipótese não parece ser levada a sério pelas autoridades. Na segunda-feira, o secretário de Justiça, John Aschcroft, afirmou que os casos de antraz estavam sendo "levados muito a sério", mas destacou não haver conclusões definitivas. Leia o especial

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