Cavallo presta depoimento na justiça por "corralito"

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Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-ministro da Economia da Argentina Domingo Cavallo prestou hoje depoimento na Justiça sobre a ordem que deu aos bancos para que não levassem em conta "em hipótese alguma" as decisões judiciárias sobre a liberação dos prazos fixos retidos dentro do "corralito", como é conhecido popularmente o semi-congelamento de depósitos bancários. Por causa desta ordem, Cavallo está sendo acusado de "abuso de autoridade", "estímulo ao delito" e "falta de cumprimento dos deveres de funcionário público". O "corralito" começou no dia 3 de dezembro do ano passado. No entanto, dias depois, diante da saraivada de pedidos na Justiça para suspender o confisco, Cavallo ordenou aos bancos, através da resolução 850-01, que ignorassem as ações judiciais. Para poder chegar ao edifício dos tribunais no bairro de Retiro, no centro da cidade, sem o assédio da imprensa e de manifestantes, o ex-ministro saiu de sua casa às 7h (horário local), quatro horas antes do previsto. No depoimento, de 40 minutos, Cavallo sustentou que não teve a intenção de desobedecer a Justiça. O ex-ministro tentou justificar sua decisão, afirmando que "só queria ganhar tempo para poder apelar à estas decisões judiciais". O "corralito" tornou-se o estopim de uma seqüência de protestos populares que acabaram derrubando o próprio Cavallo de seu cargo, além do ex-presidente Fernando de la Rúa. Desde sua renúncia, o polêmico "El Pelado" ("O Careca") - como o ex-ministro era chamado pela população em seus últimos meses no cargo - permaneceu praticamente escondido, esquivando inúmeros protestos populares e a imprensa. No ano-novo, Cavallo tentou passar alguns dias de descanso em uma aldeia na Patagônia, de forma incógnita, mas foi descoberto pelos moradores, que imediatamente realizaram uma manifestação de protesto. Por ordem da Justiça, desde sua renúncia, o ex-ministro não pode sair do país. A situação de Cavallo é delicada. O presidente Eduardo Duhalde, com quem manteve sempre boas relações, não o critica publicamente. No entanto, são mínimas as possibilidades de que tente defendê-lo diante de um eventual pedido de prisão.

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