Cavallo renuncia e pede garantias de segurança

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Por Agencia Estado
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O ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, e todo o Gabinete do presidente Fernando de la Rúa renunciaram no início desta madrugada em meio à explosão de saques e revoltas que levaram o governo a decretar estado de sítio nesta quarta-feira. Cavallo levou sua renúncia a De la Rúa e pediu garantias de segurança, segundo altas fontes do governo. Manifestantes permaneceram madrugada adentro diante do prédio onde mora Cavallo, protestando contra a política econômica implantada pelo ex-superministro. Nem mesmo a ação da polícia conseguia dispersar os manifestantes, que se concentravam também na Praça de Maio, diante do Congresso, desafiando as rígidas normas decretadas para evitar saques e motins. Segundo as fontes, o presidente deve se pronunciar nesta quinta-feira sobre a permanência ou troca de cada ministro demissionário. A saída de Cavallo, entretanto, parece ter sido decidida pelo próprio De la Rúa, que manifestou indiretamente esta intenção em telefonema ao presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso. O deputado José Aníbal, presidente nacional do PSDB, disse no início da madrugada que De la Rúa deu "fortes indicações" a FHC de que Cavallo estaria fora do cargo. O presidente argentino não foi explícito em seu telefonema, segundo Aníbal, mas FHC concluiu como praticamente certa a mudança. Por volta de 1h00 (2h00 de Brasília) o canal de TV Todo Noticias divulgou as primeiras informações de que Cavallo renunciara. Segundo a agência argentina DyN, o ministro apresentou seu pedido de demissão na residência presidencial de Olivos. Câmbio engessado Cavallo ficou conhecido como o pai da paridade cambial, regime pelo qual um peso argentino sempre valerá um dólar. É exatamente o engessamento do câmbio uma das causas mais citadas entre as que levaram a Argentina a esta crise sem precedentes. Ministro da Economia do governo Carlos Menem (1989-99) e funcionário do Banco Central durante o regime militar de 1976-83, Domingo Cavallo se notabilizou pela postura altiva (inúmeras vezes traduzida como arrogância) e pela agressividade na retórica. Ao iniciar a mais nova tentativa de salvação da economia argentina, distribuiu críticas, rejeitou o papel de responsável pela ruína do peso e levou ao Fundo Monetário Internacional incontáveis propostas mirabolantes. Recebeu do FMI um recado: "menos discurso e mais ação, por favor".

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