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Cem mil recebem zapatistas na Cidade do México

Por Agencia Estado
Atualização:

Após uma marcha de 3 mil quilômetros em 16 dias, através de 12 Estados mexicanos, o subcomandante Marcos e outros 23 líderes do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) chegaram neste domingo ao Zócalo, praça central da Cidade do México, em triunfo, sob uma chuva de papel picado. Cerca de 100 mil pessoas, segundo a polícia mexicana, saudaram a chegada dos guerrilheiros indígenas, que vestiam uniforme de campanha e usavam as máscaras de esqui que se transformou numa espécie de símbolo do movimento zapatista. Simpatia Pesquisas divulgadas hoje por vários jornais mexicanos demonstraram que a ofensiva de relações públicas dos rebeldes foi bem-sucedida e fez com que o movimento ganhasse a simpatia de centenas de milhares de mexicanos que até agora viam o conflito no Estado de Chiapas, sul do país, como uma manifestação de loucura de um reduzido grupo de radicais. Nas entrevistas que deu antes da "invasão" do centro da capital mexicana, Marcos deu mostras de moderação ao anunciar que o EZLN está disposto a "desaparecer", caso alcance uma "paz verdadeira" em Chiapas. Ele deixou transparecer que a guerrilha deve transformar-se num movimento político de defesa dos direitos indígenas. Armadilha No entanto, o líder do EZLN recusou o convite do presidente mexicano, Vicente Fox, para um encontro no palácio presidencial de Los Pinos. O guerrilheiro qualificou o convite de de "uma armadilha" e reiterou a advertência de que os zapatistas só retomarão as negociações com o governo depois do cumprimento de três exigências: o desmantelamento de sete quartéis do Exército mexicano em Chiapas (dos quais quatro já foram desativados), a libertação de rebeldes capturados pelas autoridades mexicanas e a aprovação de uma lei que retire do estado de exclusão social os habitantes indígenas do sul do país. Fumando um cachimbo e de mãos dadas com os outros dirigentes do EZLN, Marcos teve, por parte do público que estava no Zócalo, uma recepção digna de um líder nacionall, ao surgir na frente do palanque. "Nunca mais um México sem nós, os indígenas" e "Vocês não estão sozinhos", diziam as faixas estendidas na praça. Entre os grupos de estudantes e sindicalistas que participavam da manifestação de apoio ao EZLN, destacavam-se algumas prostitutas que, vestindo roupas ousadas, tentavam aproximar-se dos líderes zapatistas. Personalidades Entre as personalidades que estão no México para testemunhar e participar da marcha zapatista, destacam-se a viúva do ex-presidente francês François Mitterrand, Danielle Mitterrand, o líder camponês francés e ativista antiglobalização José Bové e o escritor português ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, José Saramago. A concentração no Zócalo foi convocada pelo próprio Marcos para pressionar o Congresso a aprovar a lei de direitos e cultura dos indígenas. O líder zapatista diz que nem ele nem os outros comandantes rebeldes vão deixar a Cidade do México até que a lei esteja aprovada.

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