26 de julho de 2016 | 05h00
Após a morte de nove pessoas por Ali Sonboly, de 18 anos, que depois se matou, o chefe de polícia de Munique, Hubertus Andrae, deu duas informações que soaram contraditórias. O massacre, disse ele, pareceu mais um “ataque a tiros selvagem” do que um ato de terrorismo. Mas, quando lhe perguntaram sobre Anders Breivik, terrorista de extrema direita norueguês que matou 77 pessoas há cinco anos, ele respondeu que a conexão era óbvia.
A classificação dada por Andrae ao ataque – de potencialmente inspirado em uma ação terrorista, embora não seja em si mesmo um ato terrorista – diz muito sobre a linha cada vez mais tênue que separa assassinos em massa de terroristas. Também parece salientar que essa linha oscila para um lado ou outro conforme a aparente ideologia do atacante.
Autor de atentado em Munique e amigo que está detido se conheceram em hospital psiquiátrico
Quando assassinos em massa mostram afinidade com grupos jihadistas, como em Orlando e Nice, suas ações são consideradas terrorismo. Mas quando sua fonte de inspiração é o extremismo de direita, que, segundo Andrae, pode ser o caso de Munique, os atacantes são considerados loucos solitários.
Isso alimenta as preocupações de grupos de direitos civis e organizações muçulmanas de que há facilidade em considerar uma ação como terrorista se ela puder ser ligada ao Islã. Essa tendência alimenta-se no sentimento antimuçulmano numa época em que movimentos de extrema direita cobram restrições especiais contra islâmicos.
O Estado Islâmico tem contribuído para confundir a linha divisória. Com seu encorajamento à atuação individual, tornou-se quase impossível diferenciar um atacante agindo sob inspiração de um grupo de outro que esteja apenas procurando justificativa para cometer violência. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ
*É COLUNISTA
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