Cenário: Brasil vê risco de agravamento da crise na Venezuela

A tensão na linha da fronteira está aumentando rapidamente, alertam agentes da Polícia Federal no Estado de Roraima

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A inteligência militar e as agências de informações brasileiras consideram elevado o risco de agravamento da crise institucional na Venezuela – o quadro de desesperança, acreditam alguns analistas, pode conduzir o país a um conflito interno envolvendo parte das Forças Armadas, a Guarda Nacional, a milícia bolivariana e a ala radical da oposicionista Mesa de Unidade Democrática (MUD). 

O governo de Maduro, até o momento, resiste à pressão dos mais sérios protestos em três anos Foto: EFE/Cristian Hernández

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A tensão na linha da fronteira está aumentando rapidamente, alertam agentes da Polícia Federal no Estado de Roraima. Desde 2015, e até os últimos dias de 2016, cerca de 17 mil venezuelanos entraram no País por Pacaraima, vizinha de Santa Elena de Uairén, distante 15 km da faixa do limite binacional. Em todo o Estado, estima a governadora Suely Campos, seriam mais de 30 mil no mesmo período, levando ao limite as demandas por atendimento médico, assistência social e abrigo. 

A rodovia de Santa Elena a Pacaraima é observada por grupos de soldados da Venezuela. Mas, em outubro, caças supersônicos russos Su-30 da aviação venezuelana sobrevoaram várias vezes toda a região em evidente missão de reconhecimento e de intimidação dos retirantes. Os aviões teriam entrado intencionalmente no espaço brasileiro.

A violação não foi confirmada. O Comando da Aeronáutica enviou à região, em um exercício de deslocamento, esquadrões de caças-bombardeiro AMX, mais aeronaves de apoio, como os jatos R-99 de alerta avançado eletrônico do time Guardião e cargueiros Hércules C-130 com os quais é possível estabelecer uma ponte aérea de transferência de combatentes com seus recursos de apoio.

O princípio do Itamaraty e da Defesa para essa situação é o de impedir o uso dos rios partilhados, do território e das extensões aéreas por forças militares estrangeiras. Em 2005, o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, preparou um plano de invasão da Guiana para dominar o vale do Rio Essequibo, após a descoberta de óleo e gás na região pela Exxon Mobil. Uma das rotas de entrada passava necessariamente pelo Brasil. A resposta de Brasília foi acelerar a presença militar no terreno e fazer chegar a Chávez o veto à iniciativa.