Cenário: Casa Branca evita assumir posição sobre julgamento 

Mensagem da administração Biden é de que a preocupação de governar não será desviada pelos eventos que se desenrolam na outra extremidade da Avenida Pensilvânia

PUBLICIDADE

Por Jonathan Lemire , Alexandra Jaffe e Associated Press 
Atualização:

As imagens marcantes voltaram ao centro do palco: uma multidão invadindo o Capitólio e manifestantes violentos com bandeiras de Donald Trump enfrentando a polícia e intimidando os congressistas. No entanto, há um lugar em que o vídeo exibido durante julgamento de impeachment é ignorado: a Casa Branca.

PUBLICIDADE

O presidente dos EUA, Joe Biden, já havia afirmado que não acompanharia o processo e, agora, a mensagem de sua equipe é clara: a preocupação de governar não será desviada pelos eventos que se desenrolam na outra extremidade da Avenida Pensilvânia.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, tem evitado, uma a uma, as perguntas sobre o julgamento e se recusa a tornar pública a opinião de Biden sobre o processo. A agenda do presidente durante esta semana é uma amostra disso: só há previsão de eventos e encontros para buscar ajuda financeira para quem sofre os efeitos da pandemia e para discutir um reforço na distribuição de vacinas.

A porta-voz do governo Joe Biden, Jen Psaki Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Assessores da Casa Branca justificam a estratégia dizendo que o presidente ganharia pouco politicamente e qualquer comentário desviaria o foco sobre a conduta de Trump para as opiniões de Biden.

Em um nível prático, ficar acima do debate no Legislativo permite a Biden concentrar-se em seu pacote de medidas contra a covid-19 e manter uma relação cordial com os republicanos, ao mesmo tempo em que tenta emplacar seu projeto de auxílio de US$ 1,9 trilhão no Congresso. “Os presidentes têm um capital político restrito após as eleições e precisam decidir com o que vão gastá-lo”, diz o ex-secretário de imprensa da campanha de Barack Obama Ben LaBolt.

Segundo o historiador americano Jeff Engel, o precedente histórico mais claro para o momento pode ser o do presidente Gerald Ford, quando ele buscou unir a nação após o escândalo Watergate e a renúncia de Richard Nixon. Como Biden, Ford trabalhou para o país superar o ex-presidente em parte o ignorando e se concentrando em sua própria agenda. 

Engel sugere que Biden continue a concentrar sua mensagem nos americanos e não se envolva nos embates do Capitólio. “Por sua própria natureza, Biden se sentirá responsável e falará com americanos de todos os matizes”, diz. “Isso não vai resolver nossos problemas, mas permitirá que as coisas se acalmem.” *SÃO JORNALISTAS

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.