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Cenário: Em Nova York, De Blasio quer o rótulo de progressista

O prefeito democrata reeleito fez campanha para ser um contraponto ao discurso de Donald Trump e dos republicanos

Por Lúcia Guimarães e de Nova York
Atualização:

No discurso de vitória, Bill de Blasio perguntou: “E que tal um aumento de impostos sobre os milionários para financiar melhorias no metrô?”. Na contramão do governo federal, que propõe reduzir o imposto dos mais ricos, de Blasio disse que os resultados nacionais mostram que a eleição de Donald Trump despertou a energia dos democratas. Ele foi reeleito com 67% dos votos.

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A cartilha da política americana reza que ameaças terroristas favorecem os republicanos, cujo partido é mais associado a falcões da defesa. Mas o partido que controla as duas casas do Congresso e a Casa Branca está no centro de uma investigação federal sobre conluio com a adversária Rússia. O atentado do dia 31 que deixou 8 mortos e 12 feridos no sul de Manhattan ocorreu uma semana antes da eleição municipal e não teve o menor efeito nas urnas.

Bill de Blasio, que se apresenta como um defensor da população de Nova York diante da ameaça do presidente Donald Trump, obteve uma vitória fácil sobre a republicana Nicole Malliotakis Foto: AP Photo/Julie Jacobson

Quem visita Nova York, o epicentro financeiro do continente, pode se surpreender com o fato de a cidade ser governada por um esquerdista no espectro político americano. De Blasio, de 56 anos, um descendente de alemães e italianos de modos bruscos, deixa claro que quer o rótulo de progressista. Na véspera do atentado, De Blasio fez campanha tomando o metrô com o senador Bernie Sanders, hoje o político eleito mais popular dos EUA.

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A primeira campanha de De Blasio, em 2013, foi conhecida pelo slogan alusivo ao romance Um Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens, o clássico que retratava a desigualdade social no século 19. De Blasio seria o anti-Michael Bloomberg, o bilionário que governou Nova York por 12 anos. Seria, mas não foi. A cidade está com as contas em dia e é talvez a grande metrópole mais segura do país, com índices de criminalidade em queda nos últimos quatro anos. 

Já a promessa de redução da desigualdade foi descumprida. Um quinto dos nova-iorquinos ainda vive abaixo da linha de pobreza segundo o padrão local, determinada por uma renda de menos de US$ 25 mil anuais para uma família de quatro pessoas. A explosão da população sem-teto é o maior fracasso do governo De Blasio. Mas seu plano de construir 90 novos abrigos enfrenta resistência de associações de bairro que temem aumento de crime e desvalorização imobiliária

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