O fim do kirchnerismo assusta parte do macrismo. A credibilidade da ex-presidente que governou o país oito anos nunca esteve tão em baixa, apontam pesquisas de institutos de direita, de esquerda e dos que mudam de tendência conforme o governo de turno. Há processos envolvendo fraudes milionárias, possíveis elos de funcionários com o narcotráfico, mas o maior responsável pelo isolamento de Cristina Kirchner foi mesmo o ex-secretário de Obras José López e suas sacolas de dólares.
Os fardos de dinheiro apreendidos de madrugada em um convento com relógios de luxo em uma arma de guerra romperam a polarização, foram vistos como “batom da cueca” mesmo por kirchneristas, que quiseram saber quem os usavam.
Segundo o Poliarquía, considerado um dos mais equilibrados, 67% acreditam que Cristina sabia das tramoias de Lopez e 45% creem que sairá muito prejudicada do caso.
Parte da base do governo de Mauricio Macri não gostaria de precipitar o fim de Cristina. A crise no kirchnerismo tem feito boa parte da bancada peronista, por convicção, vergonha ou conveniência, acompanhar os projetos de Macri. Isso é importante na Câmara, mas principalmente no Senado. “Eleitoralmente, não é bom para o governo aprofundar a investigação sobre Cristina”, disse diretamente a deputada Margarita Stolbizer, política de centro-esquerda que tem acompanhado Macri nas votações mais importantes.
Outra razão para deixar Cristina sangrar é a eleição de 2017, da qual Macri depende para ter uma base parlamentar própria. Se houver um divórcio imediato entre kirchneristas e peronistas, maior é a probabilidade de estes últimos se reorganizarem em torno de uma figura que possa derrotar seu bloco em um ano e tornar-se uma ameaça pela Casa Rosada em três.