Cenário: Medidas de Maduro devem acelerar hiperinflação na Venezuela

Ao aumentar os salários de forma tão agressiva e anunciar uma taxa de câmbio criptografada, Maduro parece estar reconhecendo a derrota do governo na batalha para sustentar a moeda, dizem economistas.

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Por Redação
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O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aumentou os salários pela quinta vez este ano e disse que o objetivo é fixar os preços para a incipiente conversão a uma criptomoeda no país, parte de um pacote de medidas que, segundo economistas, deve acelerar a hiperinflação. Reforma econômica terá início nesta segunda-feira, 20, com a emissão de uma nova moeda, o bolívar soberano, que terá cinco zeros a menos.

Comerciante conta pilhas de bolívares para pagar empregados em Chichiriviche de la Costa; em alguns meses falta de dinheiro em espécie no vilarejo Foto: AFP PHOTO / FEDERICO PARRA

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Ele estabeleceu o novo salário mínimo mensal em 1.800 bolívares soberanos, a nova moeda que entra em vigor hoje. Isso representa um aumento de 3.000% em relação ao salário de pouco mais de 5 milhões de bolívares estabelecido em junho, ainda na moeda antiga, mas o valor continua em torno de US$ 30 na taxa amplamente utilizada do mercado paralelo.

Para aumentar a confusão, Maduro disse que tem a intenção de fixar salários, preços e pensões em petro – uma criptomoeda anunciada em fevereiro que ainda não começou a circular. 

O líder socialista está tentando recuperar a economia do país da Opep diante de sanções financeiras dos EUA, uma crise da dívida externa e uma queda na produção de petróleo a níveis inferiores aos dos anos 40. 

Ao aumentar os salários de forma tão agressiva e anunciar uma taxa de câmbio criptografada, Maduro parecia estar reconhecendo a derrota do governo na batalha para sustentar a moeda, disseram economistas.

Ao estabelecer uma taxa para o petro, Maduro estava, implicitamente, levando a taxa de câmbio do país para 6 milhões de bolívares por dólar americano, algo mais próximo das taxas de câmbio amplamente utilizadas no mercado paralelo e mais distante da atual taxa oficial de 248.832 bolívares por dólar. Economistas disseram esperar mais turbulência financeira.

“O objetivo é admirável, mas ilusório, pelo menos enquanto o governo continuar imprimindo dinheiro para financiar os gastos descontrolados e aumentar os salários. Os próximos dias serão muito confusos, tanto para os consumidores quanto para o setor privado”, disse Asdrubal Oliveros, diretor do instituto de pesquisas Ecoanalítica.

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