Surgida em 1964 como uma guerrilha marxista inspirada na Revolução Cubana e na Teologia da Libertação, o Exército da Libertação Nacional (ELN) tinha como objetivo lutar contra a distribuição desigual de renda na Colômbia. Foi considerado um grupo armado mais apegado à doutrina ideológica do que a antiga guerrilha – e agora partido político – Farc, o que dificultou os diálogos de paz.
Nos anos 90, a estimativa era a de que o ELN possuía cerca de 5 mil soldados. Atualmente, esse número é bem menor, cerca de 2.500. Listado como organização terrorista por EUA e União Europeia, o grupo se financia por meio do tráfico de drogas, sequestros e extorsões.
Quando os diálogos com o governo colombiano começaram, ainda em 2014 de forma secreta, seis pontos seriam discutidos, o que foi selado com um documento similar ao assinado entre Bogotá e as Farc. Mas a situação não se desenrolou de forma simples. O ELN continuava realizando sequestros e rejeitava soltar as vítimas, o que o governo colombiano estabelecia como ação necessária para prosseguir com os diálogos.
A situação piorou com a mudança na presidência colombiana: saiu Juan Manuel Santos e entrou Iván Duque. Em agosto do ano passado, o novo presidente suspendeu os diálogos de paz, acusando a guerrilha de não querer negociar ao exigir um cessar-fogo bilateral antes de libertar reféns. Atualmente, o grupo mantém 17 sequestrados.
A questão agora é saber se o atentado à escola militar de Bogotá foi orquestrado pelo comando central do ELN – que nega envolvimento – ou alguma das frentes da guerrilha. De fato, alguns guerrilheiros mais radicais não enxergam futuro em continuar dialogando e podem estar por trás do ataque justamente para provocar uma ruptura e reafirmar o próprio poder dentro da estrutura do ELN.
Outra possibilidade levantada por analistas é que a Frente Domingo Laín (da qual o autor do atentado fazia parte) tenha orquestrado a ação, respeitando uma lógica interna do ELN, para assumir o controle do grupo guerrilheiro.
O ELN vem se fortalecendo desde a desmobilização das Farc, quando ocupou parte do território abandonado. Com a melhoria militar, o grupo ampliou sua presença na Venezuela, onde, segundo estudiosos do tema, recebe o respaldo do governo de Nicolás Maduro. A expansão permite ao ELN angariar mais recursos financeiros por meio de contrabando de gasolina, extorsão, tráfico de drogas e mineração ilegal. Com isso, a capacidade da guerrilha de realizar ataques também aumenta.