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Centenas de milhares pedem a renúncia do presidente em Taiwan

O Parlamento taiuanês deve debater nesta sexta-feira uma moção para destituir Chen Shui-bian

Por Agencia Estado
Atualização:

Centenas de milhares de taiuaneses formaram nesta terça-feira, no Dia Nacional, uma muralha humana em torno da sede da Presidência para pedir a cassação do presidente Chen Shui-bian. Os organizadores da campanha "Um milhão de vozes contra a corrupção" anunciaram que tinham conseguido atingir o número anunciado. Na véspera, porém, esperavam pelo menos dois milhões de pessoas. A polícia, que postou cinco mil agentes para vigiar a manifestação, não deu por enquanto números oficiais sobre a participação popular. O cerco ao Palácio Presidencial tinha um perímetro de uns dez quilômetros e se destacava pela cor vermelha dos bonés e camisetas dos participantes, que não pararam de gritar "Abaixo Chen". O principal organizador, o ativista democrático Shih Ming-Teh, ex-aliado de Chen, afirmou que era uma manifestação pacífica e que, por fazer parte das celebrações populares do Dia Nacional, não precisava de permissão policial. Shih, o pai da campanha que começou em 9 de setembro com uma vigília pacífica por tempo indeterminado, disse que há provas suficientes da corrupção de Chen. "Não podemos esperar que uma mão julgue a outra", disse, em alusão à falta de imparcialidade das instituições, para justificar a necessidade da ação popular. No Palácio Presidencial, Chen comandou os atos oficiais do Dia Nacional com palavras de tolerância, além de pedir respeito pelos mecanismos institucionais. A segurança e a economia de Taiwan não podem ser prejudicadas, nem o governo pode ser paralisado, disse Chen. Ele acrescentou que "deve existir unidade e não divisão no país". O presidente taiuanês vem sendo bombardeado por uma série de escândalos de enriquecimento ilícito por parte de colaboradores e parentes, dos quais se declara inocente. Além da "muralha taiuanesa", começou nesta terça-feira uma campanha de coleta de assinaturas para revogar o mandato dos parlamentares do Partido Democrata Progressista (PDP), governista, que se opõem à destituição de Chen. "Os parlamentares não podem bloquear por interesses partidários a decisão do povo sobre a cassação do presidente", opinou Shih. O líder dos protestos garantiu que a campanha não é dirigida contra o PDP nem contra o nacionalismo taiuanês, e sim contra a corrupção. O Parlamento taiuanês deve debater nesta sexta-feira uma moção para destituir Chen. Mas, sem o voto de pelo menos 20 deputados do PDP, o processo não poderá avançar. A Constituição taiuanesa exige pelo menos dois terços dos votos do Parlamento e depois a vitória num plebiscito com mais da metade dos eleitores registrados. O PDP adiantou que seus congressistas não participarão da moção de destituição. Enquanto isso, continuam as investigações sobre as despesas do Escritório Presidencial e os processos judiciais contra Chao Chine-Ming, genro do presidente Chen, e o ex-subsecretário-geral da Presidência Chen Che-Nan. A mulher de Chen, Wu Shu-Chen, saiu incólume das acusações de tráfico de influência. Os 200 mil dólares taiuaneses (US$ 6.150) em bônus que recebeu das lojas de departamentos Sogo foram considerados um valor muito pequeno para constituir uma tentativa de suborno. A campanha contra Chen mantém aberta uma crise política em Taiwan, que deve realizar eleições presidenciais em 2008. Mas o impacto no campo econômico e social é mínimo.

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