Cerca de 300 mil pessoas vestidas de vermelho se manifestaram neste sábado em Taipé, perto do Escritório Presidencial, "contra a corrupção e para depor o presidente Chen Shui-Bian". Os manifestantes responsabilizam o presidente taiwanês por uma série de escândalos que envolvem seus colaboradores e parentes. A campanha é comandada por um ex-aliado de Chen na luta pela independência de Taiwan, Shih Ming-Teh, dissidente e prisioneiro político durante o Governo autoritário do presidente Chiang Kai-Shek. Shih disse ter recebido doações de mais de 1 milhão de taiwaneses. Ele negou que a manifestação tenha caráter partidário. "É um momento histórico, no qual o povo expressa a ira do país, manifesta o poder popular e pede a queda de um presidente corrupto para criar uma nova etapa em nossa história", disse Shih, no início da concentração. O protesto, num dia chuvoso, junto às estruturas metálicas que cercam o Escritório Presidencial e sob a vigilância de um grande dispositivo policial e militar, deverá dar início a uma vigília contínua "até que o presidente caia", segundo afirmaram os seus organizadores. O presidente optou por sair de Taipé durante a manifestação. Ele se refugiou na sua aldeia natal, onde conta com o apoio da população e reafirma sua inocência diante das acusações de corrupção. O Partido Democrata Popular (PDP), no Governo, e os radicais do movimento independentista taiwanês criticam a campanha contra Chen. Para eles, o movimento é "instrumento da China e da oposição, para derrubar o primeiro regime nativo taiwanês e fazer retroceder o processo democrático". Os dirigentes da campanha, porém, afirmam que só o poder popular poderá derrubar Chen e "acabar com um regime despótico, ineficaz e corrupto". Os governistas condenam os mecanismos não constitucionais e alertam para o perigo da violência. O sucesso da campanha é incerto. O PDP, por enquanto, mantém o seu apoio incondicional ao presidente Chen Shui-Bian, que já superou uma moção parlamentar de cassação em junho. Na ocasião, os protestos populares tinham como alvo as polêmicas eleições de 2004.