Cessar-fogo no Oriente Médio tem teste crucial

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Por Agencia Estado
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Depois de aceitar com relutância um plano de trégua do diretor da CIA, George Tenet, israelenses e palestinos discutiram nesta quarta-feira sobre quem deveria dar o primeiro passo, mas concordavam que as próximas 48 horas serão cruciais. No primeiro assassinato desde o anúncio do cessar-fogo, um palestino morreu e três ficaram feridos no fim da noite de hoje na Cisjordânia depois que homens armados em um carro em movimento abriram fogo contra o caminhão dos palestinos. De acordo com a imprensa israelense, repórteres receberam mensagens nas quais se dizia que o ataque foi promovido por um grupo judaico buscando vingança por ataques palestinos anteriores. Apesar do do cessar-fogo, cada lado levantou dúvidas sobre a boa fé do outro, minando esperanças de que o acordo será respeitado. Nos últimos nove meses de confrontos, várias tréguas foram rompidas. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também advertiu para expectativas exageradas, dizendo que o atual acordo era apenas um primeiro passo. "Ainda existe uma situação frágil lá", afirmou. Tenet reuniu-se hoje em Tel Aviv com oficiais de segurança israelenses e palestinos afim de trabalhar em detalhes o acordo. A reunião coroou uma semana de mediação o maior esforço diplomático feito até agora pela administração Bush no Oriente Médio. Os palestinos reclamaram depois do encontro de três horas que Israel não apresentou calendário para amenizar os bloqueios de segurança na Cisjordânia e na Faixa de Gaza nem para a retirada de tropas das periferias de cidades palestinas, duas exigências-chave no documento de Tenet. "Os israelenses não estão tratando com seriedade a proposta de Tenet", afirmou o chefe de segurança palestino na Cisjordânia, Jibril Rajoub. Autoridades palestinas disseram esperar que Israel comece a relaxar os bloqueios nos próximos dois dias. O porta-voz do Exército israelense, general de brigada Ron Kitrey, afirmou que Israel considera que o cessar-fogo teve início às 15h locais de hoje, com o fim da reunião de segurança em Tel Aviv. "Se e quando vermos um cessar-fogo em campo, vamos começar a implementar nosso lado do acordo", disse o porta-voz do governo israelense Avi Pazner. "Por enquanto, ainda não vimos um cessar-fogo." O ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, instruiu os militares a começarem a executar o acordo "paralelamente com o compromisso palestino de parar e evitar ataques terroristas e a violência", segundo um comunicado. Ele anunciou que o Exército aliviará bloqueios ao redor de cidades palestinas e permitiria a entrada de carregamentos. Em 48 horas, se o cessar-fogo for mantido, os militares israelenses começarão a recuar de suas posições nos territórios. O major-general Giora Eiland, chefe das operações militares israelenses, disse que os palestinos têm de parar a violência e "tomar medidas preventivas que incluem a prisão de terroristas. A enfase é na prevenção", afirmou ele. Se a violência cessar, acrescentou, os prazos para o alívio das restrições israelenses podem ser adiantados. Hoje, antes do encontro de segurança em Tel Aviv, dois israelenses foram feridos a tiros em emboscadas na Cisjordânia. Mais tarde, um morteiro foi disparado contra o assentamento judaico de Atzmona, na Faixa de Gaza, sem causar vítimas.

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