Chanceler argentino é acusado de envolvimento em assassinatos

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Por Agencia Estado
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O ministro de Relações Exteriores argentino, Carlos Ruckauf, está sendo acusado de envolvimento no desaparecimento e assassinato de operários durante a ditadura militar de 1976 a 1983, segundo a imprensa. A jornalista alemã Gabriela Weber apresentou documentos ao tribunal federal de La Plata - a 50 quilômetros de Buenos Aires, encarregado de casos de desrespeito aos direitos humanos durante o governo militar - que podem comprometer o chanceler por ter pedido a "eliminação dos subversivos". O jornal Página 12 publica hoje em sua primeira página uma foto de 1976 em que aparece um sorridente Ruckauf ao lado do general Jorge Videla, que pouco depois encabeçaria o golpe de Estado contra a então presidente María Estela Martínez de Perón, ou "Isabelita". Um informe da empresa alemã Mercedes Benz, de cuja filial na Argentina desapareceram 14 delegados sindicais durante a ditadura, diz que Ruckauf foi um dos funcionários que em 1975, quando era ministro do Trabalho, pediu que fossem "eliminados os elementos subversivos das fábricas", segundo a documentação apresentada por Weber. Um relatório da empresa automobilística se refere a um conflito trabalhista, em outubro de 1975, que terminou com a demissão de 115 trabalhadores que haviam liderado uma greve, e diz que "as demissões mencionadas eram pedido urgente do então ministro do Trabalho (Ruckauf)" e da direção do sindicato das empresas automotrizes. As listas de operários "subversivos" fornecidas pela Mercedes Benz foram posteriormente utilizadas para sua perseguição por grupos parapoliciais organizados pelo governo peronista -como a Triple A- , entre 1973 e 1976, e pelos militares que o sucederam, segundo a denúncia. O Página 12 diz ainda que "o episódio descrito nos documentos que Gaby Weber entregou aos juízes expõe também a perfeita continuidade entre o governo da viúva de Perón e a ditadura militar que a sucedeu". As rádios de Buenos Aires informaram hoje que Ruckauf, que se encontra em visita a Paris, foi citado pela Justiça francesa a prestar declarações como testemunha em um processo que investiga o desaparecimento na Argentina do cidadão francês Maurice Jaeger, em 1975.

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