
04 de agosto de 2016 | 09h49
VIENA - O chanceler austríaco, Christian Kern, pediu à União Europeia (UE) na quarta-feira o fim das negociações de adesão da Turquia em razão da disputa política interna de ampla envergadura em Ancara, após a tentativa fracassada de golpe no dia 15 de julho.
A adesão da Turquia ao bloco europeu se tornou um problema desde que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sugeriu a possibilidade de restabelecer a pena de morte no país. "Temos de enfrentar a realidade: as negociações de adesão são pura ficção", declarou Kern à imprensa austríaca, acrescentando que "as normas democráticas turcas estão longe de ser suficientes para justificar sua adesão", alegou.
O ministro austríaco das Relações Exteriores declarou ainda que quer um debate sobre o tema no Conselho da Europa, em 16 de setembro. Kern sugere que a UE busque "soluções alternativas" para ajudar a economia turca a se aproximar das exigências europeias.
O país "continua sendo um sócio importante em questões de segurança e de integração", indicou o chanceler, destacando o papel-chave da Turquia na crise migratória.
A Turquia e a UE firmaram, em março, um pacto destinado a reduzir as travessias de imigrantes da costa turca para as ilhas gregas e que permite devolver os imigrantes ao território turco. Em compensação, o país receberia contrapartidas políticas e financeiras, incluindo a aceleração das negociações de adesão.
Opositor. Erdogan prometeu nesta quinta-feira, 4, eliminar as receitas de negócios ligados ao clérigo turco que vive nos Estados Unidos e a quem culpa pela idealização do golpe fracassado, descrevendo suas escolas, negócios e instituições de caridade como "ninhos de terrorismo".
Os negócios são a arena na qual a rede de Fethullah Gulen ainda é a mais forte, disse Erdogan em um discurso no palácio presidencial transmitido ao vivo pela televisão, em que promete não mostrar misericórdia em uma repressão aos negócios do clérigo. / AFP e EFE
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