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Chanceler iraquiano vê pretexto para ataque dos EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto uma equipe da ONU prepara em Bagdá as instalações para a chegada dos inspetores de armas da ONU, o chanceler iraquiano, Naji Sabri, em uma irada carta dirigida às Nações Unidas, denunciou hoje, que a mais recente resolução da organização mundial sobre inspeções de armas dá pretextos aos EUA para atacarem seu país. O protesto foi feito um dia antes da chegada ao Iraque de mais uma equipe de inspetores da ONU, a primeira em quatro anos. Sabri disse que o Iraque aceitou a resolução 1.441 da ONU na esperança de poupar seu povo de um ataque. Ele havia prometido a carta quando escreveu ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, no dia 11, aceitando a resolução. Ele disse na ocasião que enviaria uma segunda carta com comentários sobre as supostas violações das leis internacionais e de outros problemas com a resolução. Sabri assegura que há várias "ciladas" no texto da resolução que, no entanto, Bagdá aceitou sem condições. O chanceler iraquiano afirmou que os parágrafos - que exigem ao Iraque a apresentação de uma declaração sobre seus programas de armas - foram formulados de modo a "deformar a posição do Iraque e utilizar (a declaração) para cometer uma agressão". De acordo com a resolução, o Iraque deve formular "uma declaração atualizada, exata e completa de todos os aspectos de seu programa de armas químicas, biológicas e nucleares, de mísseis balísticos e de outros vetores tais como aviões sem piloto e sistemas de dispersão". A resolução dita que toda omissão de Bagdá será considerada "uma nova violação substancial das obrigações do Iraque e serão apresentadas ao Conselho de Segurança para sua avaliação", o que poderia levar ao uso da força. Sabri estimou que "considerar que toda omissão do Iraque é uma omissão patente significa que existe uma premeditação para atacá-lo sob qualquer justificativa fútil". A carta do chanceler iraquiano, que analisa a resolução parágrafo por parágrafo, não deve afetar as inspeções, que começarão na quarta-feira. O novo grupo de inspetores, com 12 membros da Comissão de Controle, Verificação e Inspeção da ONU (Cocovinu) e 6 da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), deve chegar na segunda-feira a Bagdá. Os 33 técnicos que já estão no Iraque há uma semana receberam no sábado o reforço de 5 colegas que chegaram com 20 toneladas de material. Entre 80 e 100 inspetores da Cocovinu e da AIEA devem trabalhar no Iraque até o fim do ano. Os chefes dos inspetores, Hans Blix e Mohamed El Baradei decidiram que será estabelecido um "telefone vermelho" com as autoridades iraquianas para solucionar o mais rapidamente possível os problemas que surgirem durante as inspeções.

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