Chávez acusa EUA de vetar negócio com Brasil

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Por Agencia Estado
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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusou o governo dos Estados Unidos de bloquear a aquisição de aviões militares Supertucano, fabricados pela Embraer, no Brasil, porque a eletrônica desses turboélices seria construída com tecnologia de origem americana. Na área de promoção comercial do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, e junto a dirigentes da Embraer, a declaração do presidente venezuelano foi recebida com surpresa. De acordo com diplomatas e executivos ouvidos pelo Estado, não há qualquer restrição do governo dos Estados Unidos à operação de venda de 24 Supertucanos, no valor aproximado de US$ 230 milhões. Os aviões, na versão pretendida pela Força Aérea da Venezuela (FAV), não incorporam sistemas de tecnologia americana. Um pacote adicional prevê a modernização, pela Embraer, de 18 Tucanos da primeira geração em uso pela FAV. Poderia haver algum tipo de desconforto quanto ao fornecimento de 12 caças-bombardeiros AMX-T, um projeto ítalo-brasileiro em desenvolvimento há cerca de 20 anos. Essas aeronaves, com capacidade de ação furtiva, empregam principalmente componentes europeus. A frota brasileira de 50 unidades está sendo modernizada. A exportação para a Venezuela é um negócio de US$ 260 milhões aprovado em novembro de 2002 e não executado. O BNDES mantém aberta uma linha de crédito para essa operação. O governo de Caracas não ativou o processo. Chávez sugeriu que poderia recorrer ao mercado chinês para obter os aviões de ataque leve. "O contrato para o Brasil nos fornecer alguns aviões não pode ser assinado por causa dos Estados Unidos", disse Chávez, falando a soldados num forte em Caracas onde funciona a Escola de Comando. "Teremos de esperar para ver se o Brasil pode resolver o problema. Do contrário, a China produz turboélices e caças-bombardeiros." Chávez confirmou que seu governo está analisando a compra de 50 caças supersônicos MiG-29 MST, de fabricação russa. O presidente acusou os Estados Unidos de não honrarem um contrato para suprir seu país com peças para seus jatos americanos F-16A Falcon. Autoridades americanas desmentiram o presidente Chávez, revelando que enviaram em julho e setembro de 2005 peças para os F-16A da Venezuela. A Força Aérea da Venezuela comprou 21 Falcons em 1983. Segundo funcionários americanos, o contrato não obriga os Estados Unidos a manter linha de suprimentos. No discurso, Chávez afirmou ainda que a Venezuela tem de estar pronta para uma possível invasão dos EUA.

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