Chávez ameaça emissoras privadas

Presidente venezuelano acusa TVs e rádios opositoras de conspiração e diz que lhes prepara uma ''surpresinha''

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Por EFE e AFP E AP
Atualização:

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou tomar "medidas severas" contra as emissoras de rádio e TV que "causarem problemas" para seu governo. As ameaças foram feitas no domingo à noite, no programa de TV semanal do líder venezuelano Alô, Presidente. Chávez acusou os meios de comunicação privados de incitar o ódio e conspirar contra seu governo, apoiando rebeliões militares e tentativas de assassinato. O presidente disse que as emissoras opositoras podem esperar "uma surpresinha" se continuarem com "tais ações". "Elas estão brincando com fogo, manipulando e incitando ao ódio", afirmou. Ele não citou o nome de nenhuma emissora, mas ontem o chanceler venezuelano e vice-presidente do chavista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Nicolás Maduro, acusou o canal de TV opositor Globovisión e seu diretor, Alberto Ravell, de fazer "terrorismo midiático". "Não vamos ficar de braços cruzados diante disso", afirmou Maduro, após dizer que a Globovisión é um canal de "extrema direita" que atua como um "partido político". "Vamos apoiar nas ruas, com o povo, as medidas do Estado para pôr um fim a esse terrorismo midiático." Na semana passada, o Conatel, órgão que regula as telecomunicações na Venezuela, começou a investigar a Globovisión por "incitar o pânico e a ansiedade entre a população" ao noticiar o terremoto que abalou Caracas no dia 4 sem antes consultar as autoridades do país. Logo após o tremor, a Globovisión deu a informação do Serviço Geológico dos EUA de que o abalo sísmico seria de magnitude 5,4. Além disso, Ravell criticou o que qualificou como uma reação lenta de funcionários do governo. Segundo a Conatel, apesar de a Fundação Venezuelana de Pesquisas Sismológicas mais tarde confirmar a intensidade do terremoto, a TV pode ser multada ou obrigada a interromper suas transmissões temporariamente. "Essas ondas eletromagnéticas pelas quais transmitem as emissoras privadas são de propriedade pública, social", afirmou Chávez, justificando as ameaças. Em resposta, o prefeito de Caracas, o opositor Antonio Ledezma, pediu que a população saia às ruas para defender a "liberdade de expressão". "Só um regime ditatorial é capaz de ameaçar os meios de comunicação como fez ontem o presidente", disse Ledezma. "Estamos em estado de alerta para nos mobilizarmos em defesa da liberdade de expressão." DESAPROPRIAÇÕES Chávez também assinou no domingo a permissão para a expropriação de 10 mil hectares de terras. Segundo o presidente, essas terras estavam ociosas ou foram adquiridas de forma ilegal e agora serão destinadas à agricultura e "convertidas em projetos de unidades primárias de produção". "A terra é por natureza propriedade de todos", afirmou Chávez. "Quase todos os latifúndios são produto de roubo, da violência dos poderosos contra camponeses, pobres e indígenas. A revolução chegou para pôr as coisas em seu lugar." Na sexta-feira, o governo venezuelano estatizou 60 empresas que prestavam serviços para a indústria petrolífera, fazendo desde o transporte de equipamentos até a injeção de água e gás nos poços.

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