Chávez ameaça punir emissoras de TV privadas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Em seu discurso anual perante a Assembléia Nacional, hoje, no qual anunciou sua repentina viagem a Brasília, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que está preparando "procedimentos administrativos" contra duas emissoras de TV privadas, às quais acusou de terem "intenções golpistas". Chávez não especificou, durante a mensagem ao Legislativo, quais seriam as emissoras nem a punição que seria imposta a elas. "Segundo me informa o novo ministro de Infra-Estrutura, iosdado Cabello, estão sendo tomadas medidas contra dois canais de TV", limitou-se a anunciar. Desde o começo da greve geral que paralisa a Venezuela há 48 dias, Chávez tem acusado as TVs particulares e os jornais do país de promoverem uma "conspiração" que, segundo ele, as forças da oposição vêm tramando. Durante o discurso na Assembléia, o presidente venezuelano disse que uma das emissoras transmitiu um texto de "propaganda subliminar" em meio a um filme dirigido a crianças e jovens, incitando a população "à violência e à morte". "Na câmera lenta, a verdade aparece", disse, referindo-se à experiência de controle de massa amplamente estudada durante a Guerra Fria - cuja eficácia nunca foi suficientemente comprovada. "A esta altura, não tenho dúvida de que devemos estar preparados para outra batalha, a batalha na mídia", afirmou. Chávez reiterou que "não cederá nem um palmo" ante as pressões da oposição, que qualificou de "golpista, terrorista e fascista". Os legisladores da oposição se retiraram do plenário antes do início do discurso do presidente, que se estendeu por mais de duas horas. Ao mesmo tempo, soldados da Guarda Nacional, um dos ramos das Forças Armadas venezuelanas, tomaram as instalações da engarrafadora local da Coca-Cola, a Panamco, que está em greve desde 2 de dezembro. A empresa pertence ao Grupo Cisneros, cujo maior acionista, o multimilionário Gustavo Cisneros, é acusado por Chávez de liderar a "conspiração para derrubar o governo". Sem perspectivas imediatas de solução para a crise política, o bolívar, a moeda venezuelana, chegou hoje a seu menor valor histórico. No fim da tarde, ele estava cotado a 1.799,90 bolívares por dólar. Pior: a Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris, estima que a prolongada paralisação do setor petrolífero deve causar perdas permanentes à produção venezuelana. A deterioração das instalações da Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA) reduzirá em 400 mil barris a produção média diária da empresa, que antes da greve era de cerca de 2,8 milhões de barris, segundo a AIE. Com isso, estimam especialistas, a economia venezuelana pode encolher de 25% a 40% nos próximos anos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.