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Chávez convoca diplomata em Bogotá

Denúncia da Colômbia de que líderes das Farc estão abrigados na Venezuela volta a elevar a tensão entre os dois países; líder venezuelano qualifica Uribe de 'mafioso' e governo colombiano pede reunião extraordinária da OEA

Por Efe e Ap
Atualização:

CARACASA Venezuela chamou ontem para consultas seu embaixador em Bogotá, Gustavo Márquez, por causa da denúncia feita pelo país vizinho de que líderes rebeldes colombianos estariam vivendo em território venezuelano. O presidente Hugo Chávez também apresentou uma nota de protesto à missão colombiana em Caracas e o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, reuniu-se com a cúpula militar de seu país para analisar a situação. Em pronunciamento em rede nacional, Chávez qualificou Uribe de "mafioso" e o acusou de tentar minar os esforços do presidente eleito, Juan Manuel Santos (que assumirá em agosto), para melhorar as relações entre os dois países. Em resposta, o governo colombiano pediu a convocação de uma reunião extraordinára da OEA para analisar a presença de "terroristas" colombianos na Venezuela. "Isso reflete o desespero do grupo de extrema direita que rodeia Uribe para desencadear um grande conflito e impedir Santos de retomar as relações respeitosas com a Venezuela", afirmou Chávez. "O novo governo da Colômbia tem agora um grande obstáculo, que é o velho governo da Colômbia. Uribe é um mafioso e é capaz de qualquer coisa nesses últimos dias que lhe faltam. Está cheio de ódio."Na quinta-feira, o ministro da Defesa colombiano, Gabriel Silva, anunciou que Bogotá tem "evidências" da presença na Venezuela de quatro líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e um do Exército de Libertação Nacional (ELN)."Chamamos o embaixador Márquez de volta para que, em Caracas, junte-se à avaliação de uma série de medidas políticas e diplomáticas que serão tomadas nas próximas horas para rejeitar a agressão do governo colombiano", disse o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.Os integrantes das Farc que estariam na Venezuela, segundo o governo colombiano, são Luciano Marín, conhecido como Iván Márquez; Rodrigo Granda, considerado o "chanceler" da guerrilha; Timoleón Jiménez, ou Timochenko; e Germán Briceño, o Grannobles. Já o membro do ELN seria Carlos Marín Guarín, o Pablito. O governo colombiano disse ontem que manteve um "diálogo paciente" com Caracas por seis anos a respeito da presença de líderes guerrilheiros em seu território, mas agora está avaliando a possibilidade de apresentar as provas dessa presença - fotos, vídeos e mapas - para "instâncias internacionais".Novo governo. Santos é do mesmo partido de Uribe e venceu as eleições do dia 20 apresentando-se como seu herdeiro político. No passado, as relações entre ele e Chávez foram turbulentas. Principalmente depois que Santos, como ministro da Defesa, ordenou o ataque ao acampamento das Farc no Equador, que quase acabou num conflito em 2008. Em 2009, a Venezuela chegou a congelar as relações com o país vizinho depois da assinatura de um acordo que permite aos EUA usar sete bases militares na Colômbia. Na mesma época, Bogotá denunciou o desvio de armas venezuelanas para as Farc. Desde a eleição colombiana, porém, tanto Chávez quanto Santos fizeram acenos de diálogo, renovando as esperanças de normalização.Suposta ameaça Luciano MarínÉ chefe do Bloco Noroeste das Farc. Também conhecido como "Iván Márquez", entrou para o grupo em 1988 e faz parte do secretariado desde 1990 Rodrigo GrandaConsiderado o "chanceler" da guerrilha Timoleón JiménezIntegrante do secretariado das Farc, também chamado de "Timochenko" Germán BriceñoConhecido como "Grannobles", também das Farc Carlos Marín GuarínIntegrante do ELN, conhecido como "Pablito"

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