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Chávez dá sinais de que não fará concessões

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu hoje sinais claros de que não está disposto a fazer concessões ao grupo oposicionista, que lidera um movimento grevista que já dura 50 dias. "Com essa oposição, o governo venezuelano não vai dialogar porque com golpistas não há diálogo", afirmou após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Quando se trata de enfrentar o terrorismo e o golpismo não há concessão possível", declarou. Chávez disse que a sua renúncia ou a antecipação das eleições presidenciais são pleitos que não serão atendidos a não ser que a população, por meio de um plebiscito, vote pela redução de seu mandato. "Se o povo, em referendo, disser sim à emenda do Congresso, eu disciplinadamente obedecerei o mandato popular porque sou um democrata", afirmou. A Constituição venezuelana permite a realização em agosto de um referendo revogatório do mandato de Chávez. "Oxalá a oposição esqueça o golpismo e o terrorismo e assuma essa bandeira porque ela é uma bandeira democrática", disse. A falta de disposição de Chávez para o diálogo pode prejudicar os esforços do Grupo de Amigos para a Venezuela e da mesa negociadora coordenada pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), César Gaviria. O presidente venezuelano destacou que espera do grupo um avaliação da situação e apoio para as forças democráticas mas que uma solução para a crise deve vir do livre debate entre os venezuelanos. "Todo mundo que quer ajudar a Venezuela deve ter uma visão clara e completa do que está ocorrendo senão pode equivocar-se e em vez de ajudar pode é complicar o problema", argumentou. Chávez disse que deixou claro ao presidente Lula que na Venezuela não há dois blocos se enfrentando. "Há um governo legítimo e democrático enfrentando um movimento subversivo que inclui ações terroristas e ações de sabotagem contra a empresa petroleira e contra o alimento do povo", disse. Ao ser questionado sobre a invasão de soldados da Guarda Nacional a uma engarrafadora da Coca-Cola na última sexta-feira, Chávez explicou que no depósito não havia só refrigerantes mas sucos e água potável em grande quantidade. O presidente venezuelano contou que muitos empresários estão retendo os alimentos para provocar uma elevação nos preços dos produtos. "Um governo democrático está obrigado a zelar pelos direitos dos meninos e das meninas e do povo em geral da Venezuela. Por isso, é uma ação legítima", argumentou. Chávez disse que o governo venezuelano já está importando alimentos, como o leite da Colômbia e a carne do Brasil, para abastecer o mercado interno.

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