Chávez diz ter frustrado atentado contra opositor Rosales

O presidente venezuelano acusou "grupos fascistas radicais", que pretendiam responsabilizá-lo pelo suposto atentado e assim "gerar o caos"

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Por Agencia Estado
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O presidente venezuelano e candidato à reeleição, Hugo Chávez, disse nesta quinta-feira que os organismos de segurança frustraram um atentado contra a vida de Manuel Rosales, o principal candidato opositor nas eleições deste domingo. O governante acusou "grupos fascistas radicais" pelo plano, que pretendiam responsabilizá-lo pelo suposto atentado e assim "gerar o caos". O objetivo seria inviabilizar o resultado do pleito. Chávez, que não detalhou quando o plano foi desmantelado, limitou-se a dizer que o fuzil com mira telescópica que seria usado no ataque foi confiscado. Até o momento, não há informações sobre a prisão de suspeitos. "Há grupos fascistas radicais que prepararam um atentado contra o principal candidato da oposição. Estamos investigando o caso, e já temos provas, como um fuzil e um veículo no qual transportaram a arma", disse, em entrevista coletiva. O governante acrescentou que o suposto atentado contra Rosales seria cometido quando estivesse pronunciando um discurso, e afirmou que a autoria do atentado seria atribuída a ele próprio. "Felizmente, nossos corpos de inteligência melhoraram barbaramente, e são capazes de neutralizar planos de pessoas loucas", afirmou. Rosales O comitê de campanha de Rosales, entretanto, negou qualquer conhecimento sobre o suposto incidente. "É uma cortina de fumaça. É para manipular as pessoas, mas ninguém acredita nisso", disse Timoteao Zambrano, um dos dirigentes de campanha de Chávez. "O governo tem a obrigação de proteger a vida de todos os venezuelanos, e isso inclui o candidato presidencial", disse Zambrano. "Caso algo acontecesse ao nosso candidato, o governo seria responsabilizado." Chávez, por sua vez, chamou Rosales de mentiroso e pediu que a oposição respeite os resultados da eleição de domingo. "Há duas opções em jogo aqui: a nossa e a do império americano e seus lacaios aqui (na Venezuela), que foram os responsáveis pela tentativa de golpe", disse o presidente, referindo-se ao golpe de dois dias que o tirou do poder em 2002 - e que foi revertido por protestos de rua e pelos militares fiéis a Chávez. Chávez falou a repórteres no seu último dia de campanha, um dia depois de Rosales pedir que o governo respeite as regras eleitorais. "Deve haver jogo limpo. Se assim for, todos nós ficaremos calmos", disse Rosales, um político veterano que governa o estado de Zulia. "Golpismos" Chávez disse ter autorizado recentemente o ministro do Interior e Justiça, Jesse Chacón, a reunir-se com dirigentes da oposição "preocupados" com esse e outros planos de supostos grupos extremistas. Chávez repetiu nos últimos dias outro plano revelado por Rafael Poleo, diretor de um jornal de Caracas, e seu ferrenho opositor, e advertiu que atuará com pulso "firme". "O Chávez permissivo morreu", afirmou. Poleo anunciou publicamente, em 6 de novembro, um plano que, como disse, pretende repetir na Venezuela o que fez a oposição na Ucrânia em novembro de 2004: denunciar uma fraude e tomar as ruas e avenidas, reivindicando a realização de novas eleições. Durante a coletiva desta quinta-feira, Chávez acusou Rosales de mentir ao não admitir que apoiou o golpe de 2002. Segundo o presidente, Rosales assinou um documento dando aval ao golpe. "Todos viram o ex-governador nesta sala assinando a proclamação do golpe. E ele disse que não, que o que ele assinou era uma lista de presença", disse o presidente. "Que cinismo! E este cavalheiro ainda quer ser o presidente!", continuou, acrescentando: "Um mentiroso não pode ser presidente, muito menos da Venezuela." Rosales, por sua vez, chamou a votação de uma escolha entre a democracia e um sistema cada vez mais parecido com o cubano. Texto ampliado Às 19h48

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