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Chávez fecha acordo com a Rússia para construção de usina nuclear

Ao lado de Medvedev, venezuelano diz que o objetivo do acordo de energia atômica é 'obviamente pacífico'.

Por Claudia Jardim
Atualização:

Chávez ressaltou fins 'pacíficos' do acordo com Medvedev Em visita oficial à Rússia nesta sexta-feira, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assinou um acordo com o líder russo, Dmitry Medvedev, para a construção e exploração de uma usina nuclear na Venezuela. "Venezuela entra no caminho da energia nuclear", afirmou o líder venezuelano, de acordo com agências de informação russas. "Sobra dizer, mas eu vou dizer: com fins pacíficos, obviamente." Antes de embarcar à sua viagem internacional - que além da Rússia inclui Ucrânia, Belarus, Síria, Líbano e Irã -, Chávez havia adiantado que fecharia esse acordo, que permitirá o desenvolvimento de energia atômica no país. O presidente russo disse que as economias petroleiras são vulneráveis e que a construção da usina levará independência à Venezuela "inclusive no caso da queda dos preços do petróleo", de acordo com a agência estatal venezuelana. O governo venezuelano defende a energia nuclear para geração de eletricidade e como alternativa à geração termoelétrica. Chávez costuma citar como exemplos o Brasil e a Argentina. No ano passado, a Venezuela enfrentou uma crise de escassez eletricidade provocada pela estiagem e por faltas de investimentos no setor. "Dizem que vamos fazer bombas atômicas. Não, nós não vamos fazer bombas atômicas", afirmou Chávez. "Vamos desenvolver a energia nuclear e nada vai nos impedir. Somos livres, soberanos e independentes", disse o presidente durante uma conferência com estudantes russos e venezuelanos na Biblioteca de Literatura Estrangeira, em Moscou. Tratado O tratado bilateral para promover o desenvolvimento de energia nuclear para fins pacíficos já havia sido assinado em 2008, em Caracas. Porém, o acordo para a construção da usina atômica ainda não havia sido concretizado. A relação entre Moscou e Caracas vem se estreitando desde 2004, quando a Venezuela converteu a Rússia em seu principal fornecedor de armas e responsável pelo reaparelhamento militar venezuelano. A aliança político-militar, considerada estratégica pelo governo venezuelano, tem representado desde 2004 um investimento, por parte de Caracas, de pelo menos US$ 5 bilhões, o que permitiu a compra de aviões de combate Sukhoi-30, de helicópteros de transporte e ataque e de fuzis de assalto AK-103. Em 2008, uma frota de navios russos realizou exercícios militares conjuntos com a Marinha venezuelana, no Caribe. Foi a primeira vez, desde o final da Guerra Fria, que a Rússia realizou operações desse tipo na região - considerada uma área de influência dos Estados Unidos. Entre os acordos firmados entre Caracas e Moscou está a criação de um banco binacional, para financiar projetos bilaterais, e um convênio para a construção de 7 mil casas. Na Venezuela, o deficit habitacional supera 2,5 milhões de moradias. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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