Chávez fecha acordo na Rússia e segue viagem para o Irã

Visita a Rússia é parte de tour pela Argentina, Belarus, Catar, Vietnã, Irã e Mali; em Moscou, Chávez assinou acordos militares da ordem de US$ 3 bilhões

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse nesta quinta-feira que a Rússia ajudou seu país a quebrar um "bloqueio" imposto pelos Estados Unidos ao vender a Caracas jatos de guerra e helicópteros. Ele também agradeceu o apoio dado pelo presidente russo, Vladimir Putin, à proposta de concessão de uma cadeira não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas para a Venezuela. Chávez visita a Rússia como parte de uma viagem internacional de duas semanas que inclui passagens pela Argentina, Belarus, Catar, Vietnã, Irã e Mali. Com o roteiro, o presidente pretende garantir apoio para que a Venezuela obtenha uma cadeira como membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU - fato que os Estados Unidos luta para que não aconteça. Nesta sexta-feira, Chávez já inicia uma nova etapa de seu tour. Em uma visita de três dias a Teerã, o presidente venezuelano se encontrará com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e assinará acordos de cooperação bilateral. Ahmadinejad é um dos principais adversários da administração Bush. De olho no acirramento das tensões entre Chávez e Washington, Putin afirmou nesta quinta que Moscou e Caracas deverão se mostrar "parceiros confiáveis", mas que a cooperação entre os dois países não deve ser vista como uma provocação "contra terceiros" - uma clara referência aos Estados Unidos. Contratos de U$ 3 bi O chefe da agência estadual de comércio de armas da Rússia, Sergei Chemezov, afirmou que a Venezuela assinou nos últimos 18 meses contratos para a aquisição de armas, incluindo 24 jatos e 53 helicópteros, no valor de mais de US$ 3 bilhões, informou a agência de notícias Interfax. Caracas também comprará cerca de 100 mil rifles de assalto Kalashnikov. O acordo de compra de helicópteros e jatos anunciado na última semana pelo ministro da Defesa russo, Sergei Ivanov, custará ao governo de Caracas US$ 1 bilhão. Chávez, que se tornou uma pedra no sapato de Washington devido a suas políticas e retórica antiamericanas, também espera montar indústrias de armas Kalashnikov e de munições na Venezuela. O líder venezuelano se disse surpreso pelo "progresso na cooperação técnico-militar" entre Venezuela e Rússia - um eufemismo para a venda de armas - e agradeceu Putin por ter equipado Caracas com armamentos. Chávez também observou que os jatos adquiridos foram muito importantes, pois a Venezuela estava incapaz de comprar peças avulsas para sua frota de aviões F-16 construída pelos EUA. Em maio, os Estados Unidos anunciaram um boicote à venda de armas norte-americanas à Venezuela. "Queremos agradecer você (Putin) por nos tirar desse bloqueio", disse Chávez. "Nós estávamos quase desarmados". O líder venezuelano vem usando o lucro adquirido com as extensas reservas de petróleo de seu país para modernizar as forças armadas da Venezuela. Ele assinou contratos de defesa multibilionários com a Espanha e a Rússia. Já os Estados Unidos reiteraram sua oposição às vendas de armas na terça-feira dizendo que elas não serão úteis para a estabilização da região e pediu para que Moscou reconsidere seus contratos assinados com a Venezuela - pedido rapidamente negado pelo ministro da Defesa russo. Texto atualizado às 19h15

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.