Chávez não descarta nacionalizações massivas na Venezuela

Presidente disse que pretende estatizar empresas que se "negarem a cumprir sua função social". Além disso, classificou como "lixo" as críticas oposicionistas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em suas últimas declarações antes de deixar a Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou nesta sexta-feira que empreenderá nacionalizações massivas caso as empresas privadas do seu país se neguem a cumprir sua função social. Além disso, o polêmico líder classificou como "lixo" as críticas oposicionistas contra suas intenções de governar por decreto, e disse que será necessário derrubá-lo para que a concessão de uma rede de TV venezuelana não seja cancelada. Ainda assim, Chávez acrescentou que por enquanto não tem planos de nacionalizar as grandes empresas mineradoras e metalúrgicas, como a siderúrgica Sidor e a frabicante de alumínio Alcasa, que operam no estado de Bolívar (no sul do país). Segundo o líder venezuelano, tudo dependerá das circunstâncias. "Creio que não. Não temos planos. Agora, dependerá. Os processos são dinâmicos. Se essas empresas privadas, nacionais ou transnacionais, não entenderem o processo e quiserem sabotá-lo, as nacionalizaremos, sejam quem forem", disse Chávez sobre os próximos psasos de suas reformas econômicas. O ex-militar, reeleito para governar até 2013 o quinto maior exportador de petróleo do mundo, pretende promover reformas econômicas profundas, além de nacionalizações de empresas de telefonia e energia, em um processo que define como "revolução bolivariana" rumo ao "socialismo do século 21". Para isso, a Assembléia Nacional venezuelana - controlada por Chávez - aprovou na quinta-feira, em primeira instância, a chamada "Lei Habilitante", que deixará que o presidente governe por decreto por 18 meses. As medidas de Chávez, ainda pouco explicadas, alimentam dúvidas dentro em fora da Venezuela e foram interpretadas por seus críticos como um passo ao comunismo. O presidente nega que seja esse o seu plano. Não estamos implantando o comunismo. Cremos e queremos que o setor privado nacional se incorpore (ao processo), mas subordinando seus interesses egoístas", disse, quando lhe perguntaram sobre a situação da propriedade privada em seu novo governo. "Puro Lixo" Reagindo às vozes que afirmam que estaria levando a Venezuela em uma direção "autocrática", Chávez classificou de "puro lixo" as críticas que têm recebido. Além das anunciadas nacionalizações e do projeto de governar por decreto, o presidente tem sido questionado sobre sua intenção de liberar reeleições indefinida para o presidente do país. "É o puro lixo das oligarquias", afirmou o presidente. Também nesta sexta-feira, Chávez garantiu que é impossível frear sua decisão de não renovar a concessão de um canal de televisão que faz oposição ao seu governo, e assegurou que terão que "derrubá-lo" para evitar que leve adiante a medida Em um discurso a vários presidentes sul-americanos durante reunião de cúpula do Mercosul, o mandatário voltou a confirmar o fechamento da RCTV, a qual acusou de "golpista" e "fascista". "Não renovaremos (a licença), nem que movam céu e terra", assegurou Chávez. "Terão que me derrubar para renovar a concessão", acrescentou. A decisão provocou uma crise diplomática entre a Organização dos Estados Americanos (OEA) e Chávez, que lançou duros insultos ao chefe do organismo, José Miguel Insulza, por dizer-se preocupado com a medida.

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